As ruas do Porto já estão a ser lavadas com recurso a água para reutilização. A Câmara apresentou, na manhã deste sábado, a primeira unidade de tratamento de água para diversos fins, como será, em breve, a rega de parques e jardins públicos.
Corpo do artigo
O projeto está instalado na estação de tratamento de águas residuais do Freixo, onde decorreu a apresentação, momento que contou com a presença do ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro. Limpeza de ruas e lavagem de contentores de resíduos orgânicos são as primeiras utilizações do sistema, que a Autarquia afirma ser o primeiro do género na região Norte.
A rega de espaços verdes será a próxima etapa. Em breve, a Câmara espera que também o Regimento de Sapadores Bombeiros possa abastecer os tanques de combate a incêndios com água reutilizada, estando ainda entre os objetivos cativar os privados para este recurso.
"A partir de hoje, todos os sistemas que nós utilizamos para a lavagem de rua passam a abastecer-se aqui", disse aos jornalistas Filipe Araújo, vice-presidente da Autarquia e vereador responsável pelo pelouro do Ambiente, frisando ainda que a ideia é que haja "outros possíveis utilizadores", nomeadamente empresas que já tenham entre as suas práticas o reaproveitamento de água para diversas finalidades que não o consumo. Acrescentou, a propósito, que o objetivo é que esta água tenha um custo inferior ao custo normal comercializado pela empresa municipal Águas e Energia do Porto.
O responsável explicou que as águas residuais que vão parar às estações de tratamento têm, no caso do Porto, um tratamento até ao nível terciário. O novo sistema adiciona um quarto nível de tratamento, com membranas "que tiram praticamente tudo de algumas impurezas que a água ainda possa ter". Há ainda uma uma série de análises laboratoriais prévia à reutilização da água.
As finalidades da água para reutilização estão balizadas por lei, que não permite o consumo.
No final da apresentação, a limpeza com o novo sistema arrancou com duas demonstrações na Avenida de Paiva Couceiro, ao Freixo: uma de lavagem de um contentor de resíduos orgânicos e outra da lavagem da rua.
Para Duarte Cordeiro, o novo sistema é mais um exemplo em o Porto se antecipa "e olha para os próximos 20 anos" em termos ambientais, neste caso ao usar os recursos "de forma adequada". Lembrando a seca no país e o facto de ser "essencial gerir recursos", o ministro disse que "as cidades têm de se adaptar" e seguir o exemplo.
O projeto implicou um investimento de 750 mil euros da parte da empresa muncipal Águas e Energia do Porto e contou, na sua implementação, com o apoio da Agência Portuguesa do Ambiente. Neste fase, é possível tratar diariamente um milhão de litros de água para reutilizar, permitindo-se poupar água potável para uso humano.
Segundo Filipe Araújo, Israel já consegue reutilizar cerca de 80% de água, enquanto em Espanha o valor anda pelos 30%. Afirmou que o Porto quer "estar na linha da frente" neste domínio.