A Câmara das Caldas da Rainha vai adquirir, por 300 mil euros, o património artístico da cerâmica Secla, encerrada em Junho, para vir a expô-lo num espaço museológico que pretende criar nas antigas instalações da fábrica.
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"Vamos adquirir os moldes, os instrumentos de fabrico antigos e com interesse museológico, todas as peças que constam no museu da fábrica, um lote de 300 peças da última fase de produção que têm interesse museológico, todos os painéis artísticos e obras da fábrica e todo o mobiliário de exposição", revelou à agência Lusa o presidente da câmara, Fernando Costa.
O município disponibilizou uma verba de 300 mil euros destinados a essa compra, tendo a proposta sido votada favoravelmente pelo executivo municipal.
Segundo o autarca, há interesse do município em "preservar a memória da fábrica", que encerrou no final de Junho do ano passado, deixando 250 trabalhadores no desemprego.
Na segunda metade do século XX, "passaram pela Secla grandes artistas, desde pintores e escultores, como João Aurélio e Ferreira da Silva", cujas obras se pretende agora preservar.
Fernando Costa adiantou que é objectivo da autarquia "criar um museu nas próprias instalações da fábrica", na zona mais antiga localizada junto ao Hotel Lisbonense, no centro da cidade.
Estas instalações vão reverter a favor da câmara, como contrapartida de um lote de terreno cedido em tempos pela câmara municipal à Secla.
A autarquia pretende também criar um museu num dos pavilhões adquiridos à fábrica Bordalo Pinheiro, para vir a criar diversos pólos museológicos ligados ao actual museu, o que permitirá aos visitantes percorrer a cidade e, ao mesmo tempo, conhecer a tradição histórica da cerâmica na cidade.
A Secla, que produziu cerâmica utilitária e decorativa, foi a maior fábrica de cerâmica das Caldas da Rainha e chegou a comercializar peças únicas desenhadas por Júlio Pomar e António Quadros, apostando na inovação e design.