Pescadores querem compensações financeiras, formação e a requalificação do porto de Vila Praia de Âncora.
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A Associação de Pescadores Profissionais e Desportivos de Vila Praia de Âncora tornou público há dias um dossiê de “mitigação do parque eólico offshore de Viana do Castelo”, em que exige indemnizações à frota afetada pela instalação de torres eólicas no mar, concretização de outras medidas a nível de infraestruturas e formação, e ainda ter participação ativa no processo de instalação e posterior atividade das eólicas no mar.
Com o lema “Não basta ser costa: temos que ser prioridade”, a associação, que tem como porta-voz Carlos Sampaio, manifesta-se “a favor da transição energética, mas exigindo respeito pelo território e pelas comunidades piscatórias”.
Curso nas escolas
E recorda que ao participar ativamente no processo até agora, “impediu que Caminha ficasse enclausurada entre dois blocos de torres eólicas – o parque português e o parque galego”.
“Mas agora, com o leilão à porta, é preciso passar da resistência à construção”, indica a associação, elencando como propostas principais a “criação de um curso técnico especializado em manutenção de torres eólicas marítimas e terrestres” nas escolas do concelho.
“A convergência entre uma formação técnica de excelência e um porto com vocação marítima qualificada representa uma visão integrada de território e desenvolvimento, capaz de transformar Caminha num verdadeiro ‘hub’ estratégico da nova economia azul portuguesa”, afirmam os pescadores, defendendo que “para cumprir esse papel, a nova configuração” do porto de mar de Vila Praia de Âncora deverá contemplar “capacidade para acolher embarcações especializadas no apoio aos parques eólicos offshore”.
Infraestruturas
E ainda infraestruturas, como alojamento técnico, oficinas, condições de atracação “para acolher equipas e operações mais complexas”, e plataformas autoelevatórias utilizadas em operações de manutenção de turbinas, reforço de cais e aumento de calado.
Pagamentos justos
No que toca a “compensações e medidas de justiça económica”, os pescadores defendem que sejam pagas indemnizações com “pagamentos justos e imediatos às embarcações de pesca profissional e náutica de recreio que percam total ou parcialmente o acesso às áreas tradicionais de pesca situadas entre os 100 e 200 metros de batimetria, devido à instalação das torres eólicas offshore”. E reclamam “mecanismos de indemnização simples, rápidos e transparentes, que assegurem que os pescadores não sofram perdas económicas”.