Estacionamento em segunda fila e nas faixas bus são das principais preocupações. Motoristas vão reunir-se esta quinta-feira com a Câmara do Porto.
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Os dois dinamarqueses "muito simpáticos" entraram no táxi de Nélson Carvalho junto ao hotel Ipanema, no Campo Alegre, no Porto. O destino era a Ribeira, viagem rápida, que deveria custar uns sete euros, mas que se transformou num moroso tormento: os turistas acabaram por sair junto à Alfândega, quando o taxímetro já ia nos 14,40 euros, subindo na exata medida do pára-arranca constante. O "trânsito caótico" na cidade está a desesperar os taxistas, que pedem medidas urgentes à Câmara do Porto.
"É preciso tirar os carros parados nas faixas bus, acabar com as segundas filas e com o estacionamento indevido", sintetiza Nélson Carvalho, vice-presidente da Associação Nacional Táxis Unidos de Portugal, que hoje vai reunir-se com a Câmara.
"O trânsito está um caos", insiste, uma e outra vez, confessando que procura fugir do centro da cidade. As obras, sobretudo as do metro, viraram a cidade do avesso e o estacionamento sem regras agrava a situação. "Isto tem vindo a piorar muito", avalia.
Ao JN, a Câmara do Porto manifestou disponibilidade para ouvir as reivindicações e sugestões da associação. Depois, analisará o que está em causa para avaliar eventuais intervenções.
Rua de Costa Cabral entupida
A revolta é de quem ganha a vida na confusão do trânsito e que não tem travão. Há ruas, como Costa Cabral, um dos principais eixos rodoviários da cidade, onde o estacionamento indevido entope a circulação de manhã à noite, em ambos os sentidos. E o caso da oficina junto à Constituição, que usa a faixa bus para fazer algumas reparações. "Já denunciamos esta situação, mas mantém-se", sustenta Nélson Carvalho. "Não há Polícia nas ruas", acrescenta.
A situação do trânsito está a prejudicar os clientes - estão parados no táxi e o valor a pagar sempre a subir - e os motoristas, que assim também perdem serviços.
"Os próprios turistas elogiam a cidade, mas dizem-nos que o trânsito é caótico. A uns clientes brasileiros ainda tentei explicar com as obras, mas eles disseram logo: "Acha que isso é desculpa?"", recordou Nélson Carvalho.
"A cidade está caótica, de um momento para o outro as ruas ficam impedidas", queixou-se José Oliveira, taxista há 33 anos. "As zonas mais afetadas são a Praça da Galiza, os Clérigos e a Avenida de França, todas as zonas condicionadas pelas obras do metro", continuou o motorista.
Na postura da Trindade, no centro do Porto, pede-se "mais policiamento e controlo do trânsito, mais ruas destinadas a transportes públicos e melhores condições nesses serviços para reduzir a quantidade de veículos próprios". Alguns taxistas vão mais longe e entendem que é necessário restringir o trânsito particular durante algumas horas do dia em certas zonas da cidade.