Em virtude da proibição de lançamento de foguetes o arranque para a Marcha Gualteriana foi dado pelo toque dos sinos das igrejas.
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As Festas Gualterianas e da Cidade, em Guimarães, encerraram na noite desta segunda-feira com a tradicional marcha que reúne milhares de pessoas ao longo do seu percurso. Um dos destaques da edição deste ano foi o carro que evocava a Capital Verde Europeia, título que Guimarães vai ostentar no próximo ano. Os populares deram nota positiva ao trabalho dos obreiros, mas queixaram-se da falta de espírito crítico. Como tem acontecido nos últimos anos, o carro da cidade vai ficar exposto, no largo do Toural, durante os próximos dias.
Foto: Miguel Pereira
Foto: Miguel Pereira
Foto: Miguel Pereira
A Marcha Gualteriana fecha todos os anos as festividades em honra de São Gualter, na Cidade Berço, com uma multidão enorme, que se coloca nos passeios das ruas por onde passam os carros desde muito cedo. As cadeirinhas a marcar lugar começam a ver-se, logo após o almoço. Quem chega à hora marcada (22 horas), já só vê em bicos de pés. Este ano não foi diferente, ao toque dos sinos das igrejas, para evitar os foguetes, já o largo da Mumadona, a avenida Alberto Sampaio, a alameda e o Toural estavam repletos de público à espera. A bancada, em frente ao tribunal, onde se pagavam 7,5 euros para assistir sentado, esgotou vários dias antes.
Este ano, a marcha foi composta por nove carros alegóricos. O carro da cidade, que durante os próximos dias vai poder continuar a ser apreciado no largo do Toural, representava com detalhe impressionante a fachada da igreja de Santo António dos Capuchos, os monumentos do monte Latito (castelo, Paço dos Duques) e o antigo edifício dos Paços do Concelho, no Centro Histórico.
"No final fica tudo limpo"
Com a cidade a preparar-se para a CVE 2026, na marcha deste ano, não faltou um carro alusivo ao tema. Quase no final do cortejo, atrás do carro que celebrava os 15 anos da Vitrus (empresa municipal responsável pela recolha de resíduos e limpeza urbana), duas máquinas de aspirar e lavar anunciavam: "No final da festa fica tudo limpo".
Foto: Miguel Pereira
A Casa da Marcha, associação responsável pelo evento, fez desfilar também carros alusivos: ao bicentenário do nascimento de Camilo Castelo Branco; ao centenário do Café Oriental; à criança; ao paço de São Cipriano; ao Super Mário; e a Guimarães, passado, presente e futuro.
Foto: Miguel Pereira
Foto: Miguel Pereira
Foto: Miguel Pereira
Aproveitar para dizer as verdades
"Está tudo muito bonito, os obreiros fazem um trabalho fantástico. Olhamos para estes carros e parece que estamos a ver os edifícios verdadeiros", afirma Afonso Soares. "Só é pena que, em ano de eleições, não haja mais crítica política. É uma oportunidade perdida para dizer certas verdades", queixa-se. Apesar desta análise, lá ia D. Teresa a dizer para D. Afonso Henriques: "Dois milhões pela variante do Reboto? Tanto ouro gasto nesta estrada! Com esse tesouro pavimentava metade do reino e sobrava". Noutro ponto da marcha, o Zé do Telhado alertava que, agora, "rouba-se aos pobres para dar aos ricos".
Foto: Miguel Pereira
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