Cafés, restaurantes e hotéis de Ovar contavam com festejos de Carnaval para superar dificuldades.
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Paulo Figueiredo tem o desânimo estampado no rosto. O proprietário do bar Pedras, no centro de Ovar, que até faz parte do grupo carnavalesco Marados, contava com a celebração do entrudo para ultrapassar as dificuldades.
A época representava "cerca de 35% da faturação anual", era uma "maravilha", com o estabelecimento "sempre cheio, uma loucura", recorda Paulo, revelando que agora o bar está quase sempre vazio e os funcionários estão em "lay off". O restaurante que também explora está fechado e a discoteca só abre muito pontualmente.
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Em Ovar, o Carnaval vai muito além dos corsos. Entre a chegada dos reis, carnaval infantil e outras atividades, as celebrações "duravam sempre um mês e tal", conta Frederico Azevedo, da cafetaria e restaurante Progresso. Nas ruas e nos estabelecimentos era uma "azáfama".
Um e outro tinham "esperança" que, "havendo cuidados", fosse possível fazer a festa. "Podia haver redução da lotação nos recintos, um centro de controlo, apresentação obrigatória de testes e certificados, como para os jogos de futebol e outros eventos", aponta Frederico, alertando que "é possível que as pessoas se juntem informalmente para comemorar, sem qualquer controlo".
Ana Afonso, da pastelaria Palácio, admite também que o cancelamento "é uma mossa muito grande a nível financeiro", mas concorda com a decisão. "Tiraram-nos a nossa vitamina da alegria, que transforma Ovar, mas acho que foi mais sensato", diz ao JN. "Mais vale cancelar, do que depois termos de parar dois ou três meses".
Espanhóis cancelaram
Márcia Godinho, diretora do hotel Meia Lua, conta que, por altura dos corsos carnavalescos, o hotel estava "sempre esgotado". Vários grupos de portugueses e espanhóis, que já tinham reservado este ano, cancelaram, entretanto, as reservas. De Espanha, especifica Márcia, costumava vir um "autocarro cheio".
Fonte de outro alojamento da cidade vareira revela que a ocupação por esta altura costumava ser "100%" e agora é "quase nada". "É complicado e um bocadinho triste. Tiraram-nos o chão".