Famílias querem que a autarquia de Mirandela reponha imóveis em segurança e receiam tragédia. Caso está emperrado no tribunal.
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As cinco famílias que ficaram com as casas casas danificadas por um deslizamento de terras, em Mirandela, em janeiro de 2014 - e impedidos de habitar as suas casas por razões de segurança - estão revoltados com a morosidade da justiça no apuramento das responsabilidades e com a presidente da Câmara, que terá prometido resolver o problema, mas continua a recorrer para os tribunais.
O Município já foi condenado pelo tribunal a executar um plano de obras para evitar o colapso dos edifícios pela omissão do dever de fiscalização e violação das normas urbanísticas. Mas oito anos depois ainda se anda a esgrimir argumentos em tribunal sobre que obras a edilidade deve fazer.
"São oito anos de massacre em lume brando", afirma Rui Neves, um dos proprietários. "O Município anda a servir-se de todos os expedientes dilatórios que a lei permite para andar a adiar indefinidamente a resolução dos assuntos", acusa.
Enquanto não há solução, a estabilidade das casas agrava-se de tal forma que vários relatórios periciais do LNEC e das faculdades de Engenharia Civil do Porto e de Coimbra indicam que pode acontecer uma rotura parcial ou total dos edifícios. "O nos preocupa é que há pessoas a habitar junto a estas casas sem ter noção do risco", afirma Anabela Fergusson, outra proprietária. "Só se estão à espera que aconteça uma tragédia como no Brasil, com um bloco de rocha cheio de fissuras e toda a gente assobiou para o lado", diz Rui Neves.
As famílias pretendem que a autarquia seja obrigada a repor a segurança definitiva dos imóveis e casas próximas, com a reconstrução de muros de suporte. Os gastos das famílias em relatórios, peritagens, custas judiciais e advogados ascendem a mais de 20 mil euros, continuam sem as casas, mas a pagar IMI e seguros.
Autarca espera
A autarca Júlia Rodrigues refere que foi requerida uma nova peritagem colegial para averiguar de quem foi a responsabilidade. "Não estava na câmara, na altura, mas o que me é reportado é que os serviços técnicos cumpriram tudo o que é definido naquelas situações", afirma, acrescentando que entende as famílias lesadas, mas "o Município nada pode assumir sem primeiro o tribunal avaliar de quem é a responsabilidade".