Dos 450 funcionários, só 80 foram testados. Empresa está a laborar. Sala de infantário fechou.
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Sete operárias, oito contactos próximos, entre os quais quatro crianças de um infantário: eram estas, ao fim do dia de ontem, as contas do surto de covid-19 na fábrica de conservas Gencoal nas Caxinas, em Vila do Conde. A Saúde não vê motivo para fechar a fábrica e garante que a situação "está controlada". As Caxinas estão assustadas. Mas a presidente da Câmara vila-condense, Elisa Ferraz, "tranquiliza a população".
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"A gente tem receio, claro. Espero que seja só lá dentro", admite Manuel Esteves no snack-bar Sabores, a dois passos da fábrica. Na maior comunidade piscatória do país não se fala de outra coisa. Os rostos trazem medo. Quem sai da fábrica mantém o silêncio. Em surdina diz-se que houve "ameaças" a quem falasse. O caso extravasou a Gencoal. "São 15", diz a autarca.
origem no Brasil
O surto começou há quase duas semanas, com a chegada do Brasil do marido de uma das funcionárias. Vinha infetado e não sabia. Contaminou a mulher. Testou-se toda a linha do salmão. Os resultados chegaram na passada sexta-feira.
O salmão parou na segunda-feira. Foram testados mais 80 dos 450 funcionários. Entretanto, o filho do casal contaminou três crianças no Centro Social e Paroquial de Aver-o-Mar. A sala dos três anos encerrou. Crianças, educadora e auxiliares estão em casa. Há já irmãs e cunhados de operárias infetados, numa comunidade que vive, habitualmente, em família alargada.
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"A autoridade de saúde local entende que não se justifica o encerramento da fábrica. Esta empresa funciona dentro de normas que, segundo o delegado de saúde, estão até acima da média", explicou Elisa Ferraz.
A autarca diz que o delegado de saúde "não vê necessidade" de continuar a testar na Gencoal, apesar de ter submetido a análise um quinto dos trabalhadores e não ter todos os resultados.
Há jardins de infância e centros de estudo que acolhem crianças filhas de casos positivos que nem sequer foram contactados. Elisa Ferraz diz que a autoridade de saúde não viu "necessidade de encerrar mais nenhuma instituição".
"Não há risco acrescido para aquela comunidade. Estou a transmitir o que a autoridade de saúde local disse aos membros do Conselho Municipal de Segurança. O processo está a ser monitorizado e estamos todos atentos, a situação está controlada", garantiu.