"Vim ver o que eu tenho adorado há tantos anos". Os olhos brilham e o sorriso não se desprega da cara. Ema Pinto, ou avó Miquinhas, como é conhecida por todos, não consegue conter a felicidade de concretizar um sonho com 100 anos: ir ao Estádio do Dragão ver um jogo. E ainda conheceu o presidente do clube, Pinto da Costa, que fez questão de a cumprimentar e de lhe oferecer dois presentes.
Corpo do artigo
De cachecol ao peito, Miquinhas ocupa o lugar da frente do camarote. "Nem me vou encostar para trás porque senão não vejo para o campo", diz, agarrada ao parapeito.
Quando lhe disseram que ia ao estádio ver o jogo, ficou incrédula. "Estes três últimos dias nem sosseguei. Foram os homens da casa [do F. C. Porto], os meus meninos, que me ligaram a convidar-me para vir cá. Já viu a sorte?".
11549253
O hino do clube começa a tocar e Miquinhas trauteia as partes que ainda lhe vêm à cabeça. Está dado o primeiro pontapé na bola e a previsão é o 3-1, para o F. C. Porto, pois claro. No final, houve quatro golos, mas todos para a equipa do coração de Ema.
Para Manuel e Natércia Amaral, filho e nora de Miquinhas, este foi também um sonho realizado. "Já a queríamos ter trazido, mas com uma saúde tão débil, não a podíamos levar para o lugar onde ficam as cadeiras de rodas. É um bocado desprotegido".
Emoção junto ao líder
O encontro com Pinto da Costa foi o momento alto da tarde. "Nunca imaginei chegar a falar consigo pessoalmente", diz Miquinhas, agradecendo o presente que o presidente lhe deu. Um cachecol e um emblema do clube. "O meu sonho ficou completo".
O resultado foi melhor do que o esperado. A cada golo marcado Miquinhas aplaudia, festejava e dançava. Não arredou pé do lugar do camarote até acabar o jogo. "Se tivesse menos 15 anos, ninguém me agarrava. Ainda ia ao relvado dar uma corrida com os jogadores".