De mochila às costas e colete amarelo vestido, centenas de peregrinos rumaram ontem ao Santuário de Santa Rita, em Ermesinde, para participar na Festa de Santa Rita. Uns com o intuito de agradecer, outros para pedir apoio à "advogada das causas impossíveis", mas quase todos com uma rosa na mão para lhe oferecer em sinal de devoção.
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José Costa era um dos rostos no meio dos fiéis. Entre a sua casa e o santuário contam-se mais de 20 quilómetros, o equivalente a cerca de cinco horas a pé. "Foi a primeira vez que vim. Fui desafiado pela minha sobrinha. O mais difícil foi o caminho mesmo a chegar ao santuário. Não tenho bolhas nos pés, mas estou dorido", disse ao JN, enquanto descansava na escadaria de acesso à igreja, onde decorria a missa. Devido à pandemia, a lotação estava reduzida a apenas 65 pessoas.
O caminho desde Famalicão, onde José Costa vive, fez-se lado a lado com mais três dezenas de familiares e amigos. Sempre a conversar e sem paragens pelo meio. A sobrinha, Catarina Costa, faz o percurso "há cinco ou seis anos" consecutivos. "Sou devota de Santa Rita. Sempre que conseguir venho cá todos os anos", garantiu a mulher de 37 anos.
A devoção também levou Arminda Santos e o marido, Rogério Carvalho, ao santuário. "Viemos agradecer. Temos muita fé em Santa Rita e ela já nos ajudou em momentos muito difíceis", contou Arminda Santos, que vive em Alfena, no concelho de Valongo.
Francisca Brito não foi a pé, mas fez questão de passar pelo santuário. "A Santa Rita já me fez muitos milagres. Há dois anos, o meu irmão esteve numa situação crítica [em termos de saúde] e o milagre aconteceu", recordou, emocionada, a mulher residente em Vilela.
A vender rosas à entrada do Santuário de Santa Rita há 15 anos, Aldina Silva guarda na memória e no coração centenas de histórias de peregrinos. Para todos, tem uma palavra amiga. Alguns chegam a voltar para lhe agradecer. "Desabafam comigo histórias de cancro, de maus tratos e de muitas outras coisas. Este ano, tive um casal que me procurou para agradecer as palavras de há um ano", contou a florista, recordando a história na origem da bênção das rosas.
"Santa Rita, antes de falecer, pediu que lhe oferecessem uma rosa. Quando ela fez o pedido, não existiam rosas porque era inverno. Deus permitiu que o milagre da rosa acontecesse, com o aparecimento de uma rosa no meio da neve. Essa rosa era vermelha, mas Santa Rita não definiu cor e cada pessoa oferece a rosa que mais gosta", relatou Aldina Silva.