Serviço está sediado no Polo de Valongo e desloca-se para as áreas dos Agrupamento de Centros de Saúde Valongo/Maia e Porto Oriental.
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Cerca de 500 pessoas já foram assistidas no domicílio pelo Serviço de Hospitalização Domiciliária do Hospital de São João, em dois anos de funcionamento. Mais de seis mil visitas médicas foram realizadas e a provar o sucesso da nova resposta hospitalar está o facto de o número de internados passar a partir de agora dos 10 para os 15 doentes.
"Gosto mais de estar em casa, porque aqui vejo o meu neto", diz José Brito, que recebe os cuidados hospitalares em casa, em Moreira da Maia. Eliana Pedrosa sente-se também mais confortável no domicílio, em pleno centro do Porto, "por desta forma estar sempre com o filho de oito anos". Enquanto o enfermeiro Agostinho Rodrigues limpa o cateter, o médico Gonçalo Rocha explica a Eliana que esta será a última visita. "Vai ter alta e vai fazer a sua vida normal, mas dentro de três semanas será avaliada em consulta externa para ver se houve alguma alteração na sua situação clínica", refere o médico.
Eliana é uma das dez pessoas acompanhadas em casa pelo Serviço de Hospitalização Domiciliária (SHD)e Gonçalo é um dos médicos que integra uma das três equipas que, todos os dias, cada uma delas, visita cinco utentes. "Este serviço é constituído por equipas de quatro médicos e dez enfermeiros com apoio de assistente social, farmacêutica, nutricionista, assistente operacional e assistente técnica, funciona 24 horas por dia e sete dias por semana", informa Carlos Dias, diretor do Polo de Valongo do Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ).
Em casa como no hospital
"Os doentes estão em casa como se estivessem no hospital" e este é um modelo que será prática comum num futuro muito próximo para utentes com patologias menos graves, sendo os problemas infeciosos os mais comuns nesta hospitalização domiciliária: infeções ósseas, urinárias, respiratórias e da pele. Atualmente são referenciadas para esta unidade pessoas internadas nos vários serviços de internamento do CHUSJ, como também do Serviço de Urgência e Consulta Externa.
Desde o início da atividade, os profissionais de saúde realizaram mais de 6600 visitas, com um tempo médio, gasto em cada visita, entre 45 a 60 minutos, percorrendo mais de 138 mil quilómetros. Mas o projeto está preparado e aumentou a dotação do serviço para 15 vagas. Ao mesmo tempo, realizam-se protocolos com os cuidados de saúde primários, nomeadamente os ACES de Maia/Valongo e Porto Oriental, com estruturas residenciais para idosos e promove-se uma maior articulação com os diferentes internamentos do centro hospitalar.
"Não temos dúvidas de que o facto de o doente estar em casa, no seu espaço habitual, com a sua família, a dormir na sua cama e a comer da sua comida, ajuda na sua recuperação", afirma Gonçalo Rocha, que juntamente com a médica Inês Ferreira acompanham Eliana. A doente concorda e não esquece os dias que passou no hospital rodeada de "pessoas de idade muito debilitadas". No hospital muitos sentem saudades da família, dos vizinhos e dos animais de estimação, daí muitas vezes ocorrerem alucinações durante o sono. "Isto é muito importante do ponto de vista social", diz Gonçalo Rocha.
desenrasques para o soro
Nas deslocações ao domicílio, na falta de um suporte de soro hospitalar, o enfermeiro Agostinho vai improvisando e pendura os sacos ou nos candeeiros, bengaleiros ou cruzetas. José Brito antecipou-se e ele próprio aparafusou uma estrutura de madeira feita por si à cabeceira da cama. A equipa faz mais uma paragem em Rio Tinto. Maria do Céu Machado, de 82 anos, prepara-se também para ter alta. Está com a filha e diz que "só queria era sair, andar", porque está há uma semana em casa.
Dali, médico e enfermeiro partem para Ermesinde, onde um idoso será reinternado em casa após estar no S. João. Durante a tarde, um enfermeiro volta a visitar cada um destes domicílios e uma equipa médica estará no serviço em Valongo de prevenção. Ao entrar na carrinha, Gonçalo recebe uma chamada da assistente social a dar conta de mais dois doentes que passarão a ter cuidados médicos em casa.