Estudo revela impacto das ruas cobertas às cores na economia local: por cada euro investido no AgitÁgueda há um retorno de 11,4.
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Águeda queria apostar na arte urbana mas faltava-lhe uma mola para projetar a cidade. Pediu ideias a uma empresa e no meio das hipóteses surgiu uma foto de uma favela brasileira com chapéus de chuva/guarda-chuvas, coloridos pendurados, a tapar o sol, no alto de uma rua. Era aquilo. Estávamos em 2012. O "Umbrella Sky Project" (ruas dos chapéus) tornou-se a imagem de marca do festival de artes AgitÁgueda e uma referência da cidade e da região.
Um estudo elaborado pela Tayloring Bussiness & Technology efetuado na última edição, no ano passado, concluiu que o AgitÁgueda tem um impacto na economia local que ultrapassa os oito milhões de euros. Por cada euro investido pelo município, há um retorno de 11,4 euros.
Este ano, devido à pandemia, não há "céu colorido", mas há um alternativo Águeda Drive In, de hoje a domingo (ver ficha ao lado).
Nos 23 dias de julho em que decorreu o festival, que inclui também espetáculos e animação de rua com 800 grupos e artistas, só a restauração arrecadou perto de três milhões de euros. O impacto nos negócios de Águeda, mas também nos municípios vizinhos de Albergaria, Oliveira do Bairro e Anadia, refletiu-se também no alojamento em cerca de 1,5 milhões, no comércio ultrapassou 1,1 milhões e nos transportes rondou um milhão de euros.
Notícia em 44 países
"Sabíamos que o AgitÁgueda e, particularmente as ruas dos chapéus, tem grande importância na economia local e regional, mas não pensámos que fosse tanto", disse ontem ao JN o vice-presidente da Câmara, Edson Santos.
O estudo, encomendado pela autarquia, concluiu ainda que a publicidade conseguida pelo evento foi avaliada em 1,2 milhões de euros. As ruas dos chapéus de chuva coloridos foram notícia em 44 países. Do Vietname ao Líbano. O canal norte-americano CNN considerou a principal rua de Águeda (Luís de Camões) uma das mais bonitas e coloridas do Mundo. Um impacto brutal para uma iniciativa que custou "apenas" 711 mil euros.
Este ano, sem animação, a economia local vai sentir outro rombo, para além do já provocado pela pandemia, por isso a Câmara vai canalizar parte do investimento destinado ao AgitÁgueda para ajudar o comércio.
DRIVE IN
Comédia, música e cinema até domingo
Para marcar o fim de semana em que arrancaria o AgitÁgueda, a Câmara realiza a partir de hoje e até domingo o Águeda Drive In. Haverá noites de comédia, música e cinema. Hoje, Pedro Neves, Hugo Sousa, João Seabra e Roscas e Estacionâncio sobem a palco, às 22 horas, para um espetáculo de humor. Amanhã, à mesma hora, será a vez do concerto dos The Black Mamba, seguidos, à meia-noite, do DJ Wilson Honrado. No domingo serão exibidos os filmes "Famel Top Secret" (22 horas) e "Green Book - Um Guia para a Vida" (meia-noite).
Até 400 carros no Mercado
O Águeda Drive In vai decorrer no estacionamento do Mercado Municipal, onde caberão 400 veículos e onde serão montados três ecrãs. Com entrada gratuita, a Autarquia avisa que ninguém poderá sair dos carros.
SURPRESA
Estrela de um clube japonês de basebol
Os chapéus de chuva de Águeda abriram muitos caminhos e um deles chegou ao Japão, numa história única. O dono de um dos mais importantes clubes de basebol do Japão, os Carp de Hiroxima, estava de férias em Portugal e foi ver o "Umbrella Sky Project" em 2017. Quando estava na Rua Luís de Camões a fotografar, foi surpreendido por uma senhora que não falava inglês, mas que o mandou esperar. Foi buscar um balde de água e lançou-a para o chão, de forma a fazer uma poça e refletir na calçada a imagem dos chapéus. A simpatia portuguesa para a "melhor foto" deixou o nipónico impressionado. De tal forma que convidou a Câmara de Águeda para enfeitar com os chapéus os acessos ao estádio dos Carp num jogo do campeonato em 2018. "Explicaram a origem da ideia num encontro onde estiveram 30 mil pessoas", testemunhou Edson Santos.