A situação de cheia na EN107, mas imediações do centro comercial Maia Jardim (Nogueira da Maia), não é inédita. Houve inundação há três anos e no passado domingo a situação repetiu-se, com a rua e as casas alagadas. Os moradores protestam, pedem medidas à Autarquia para pôr cobro ao problema e a Proteção Civil garante que o Município chamou a si a "resolução" do caso e tem "um projeto concluído".
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Preocupada, a moradora Margarida Mendes, de 75 anos, fala de promessas não cumpridas. "No domingo, os muros cederam. A água fazia ondas. Na enxurrada, até caí. Estão à espera que aconteça uma desgraça? Não se admite", diz, receosa por voltar a ver a água a invadir habitações e quintais. "Não se dorme, com medo. É horrível", desabafa.
"Foi medonho. Assustador. [Entidades] Vêm cá, escrevem e vai para a gaveta. É só promessas e não resolvem nada", completa.
Pedro Teixeira, coordenador da Proteção Civil, explica que no local "há uma falha no sistema de drenagem" e que "na altura da construção da A41 houve cortes nas linhas de água". Detetada a origem do problema, a solução passará por "criar bacias de drenagem e instalar uma tubagem para desviar as águas para a Ribeira do Arquinho".
O coordenador acrescenta que a Ascendi, responsável pela autoestrada, não tem dado respostas e repete que será a Câmara a tomar a iniciativa: "O projeto está concluído. Falta a parte da expropriação dos terrenos (onde passará a tubagem) para colocar o processo em marcha".
Ana Silva, de 77 anos, partilha as preocupações da vizinha Margarida Mendes. Apesar da prontidão dos bombeiros e dos sacos de areia para conter a corrente, ficou com a cave inundada e há prejuízos que não devem ser cobertos pelo seguro. "Não queremos levar com isto. Até psicologicamente é mau", diz, atormentada pela cheia e pela má experiência de anos anteriores.
Também o pai de Ana Monteiro, de 77 anos e outro dos moradores, vive com o coração nas mãos. "Estão à espera de quê?", pergunta a filha, revoltada pela inação de quem devia zelar pela segurança. Ana Monteiro aponta o dedo a "quem fiscaliza" e que "não cumpriu a sua parte" aquando das construções da A41 e do shopping.