"Agentes principais". Até parece o título de uma série ou de um filme. Mas estes protagonistas são reais. Andam nas ruas do Porto, têm aquela patente e cuidam do tráfego. Só que circulam de bicicleta. E multam. Em média, têm 45 ocorrências por dia, "a esmagadora maioria relativa ao trânsito", como diz Rui Silva.
Corpo do artigo
A par de António Ribeiro, está entre os pioneiros da ciclopatrulha da Polícia Municipal do Porto, criada em 2016. Fazem parte da PSP e estão em comissão de serviço. Ao todo, são oito elementos, divididos por duplas. Patrulham duas zonas. A marginal, "mais calma, mas muito frequentada no verão", e o Centro Histórico, "um percurso sinuoso e com bastante turismo", agora despido de estrangeiros, devido à pandemia. Também vão às ciclovias.
Destacam-se pela visibilidade, com os equipamentos florescentes azul e amarelo, e pela facilidade de chegar a qualquer sítio. No dia da reportagem do JN, em plena Rua de Santa Catarina, tinham acabado de ser abordados por um quarteto de jovens, a queixarem-se de uma agressão na estação de metro do Bolhão. Após inteirarem-se do sucedido, não foi preciso intervir. Porém, se houvesse detenção, os colegas da PSP do foro criminal seriam chamados para dar seguimento ao caso.
pedalam de máscara
As ciclopatrulhas são solicitadas para dar todo o tipo de informações, todavia a tarefa de disciplinar o trânsito é a que ocupa mais tempo. Não há dia sem participações. Em média, 45 diariamente, como foi atrás referido. "É para isso que nos pagam", observa António Ribeiro, salientando que quem infringe acaba por acatar e que nunca houve problemas de maior. "Mesmo com os estrangeiros, que ficam admirados pela nossa presença", anota, munido da maquineta para a cobrança da coima logo na hora.
O estacionamento indevido em passeios, lugares privativos e destinados a deficientes, no espaço das cargas e descargas e no corredor BUS são transgressões recorrentes. "Estacionar em segunda fila também é frequente", assinala Rui Silva. A infração sai cara e pode rondar os 120 euros, juntando o reboque e o parqueamento no Silo Auto, na Rua Guedes de Azevedo, onde está sediada a Divisão de Trânsito.
O frio para estes agentes não é impedimento. Já a chuva, se for demasiada, obriga a ficar na garagem. Rui e António estão bem preparados fisicamente. A formação foi feita na PSP. Têm que pedalar de máscara, mas dizem que a toleram "bem". Fora do serviço também dão umas voltas. Ambos já foram ao Cabo Finisterra, na Galiza. Por cá, Arouca e Entre-os-Rios são alguns dos destinos. António também fazia percursos na montanha, mas deixou-se disso. "Havia o risco de cair", graceja. A trabalhar, entre paredes é que não querem estar. "Não gosto de espaços fechados", sublinha Rui.