Alterações de trânsito na Rua de D. Afonso Henriques, em Gondomar, têm causado prejuízos. Ainda não está fechado o plano definitivo para a artéria, que a Câmara ambiciona revitalizar.
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Há um ano e meio, a Rua D. Afonso Henriques, uma das artérias mais utilizadas do Grande Porto, ficou só com um sentido entre a Rua das Oliveiras e a Circunvalação, na zona da Areosa, em Gondomar. No final de agosto, passou a ter outra vez dois sentidos, com os autocarros a voltarem a subir a artéria, medida que seria provisória "até ao final do ano". O prazo indicado na altura pelo presidente da Câmara, Marco Martins, esgotou-se, mas ainda não é conhecido o plano definitivo para a via.
Os comerciantes acumulam prejuízos, lembram que já fecharam cerca de 20 lojas na zona, dizem-se fartos de "experiências" e exigem que "mais nenhuma alteração seja feita". Revoltados, ameaçam cortar a estrada caso isso aconteça.
Questionado agora sobre o assunto, o autarca não avançou uma data para a intervenção final, mas diz que "revitalizar a Areosa é uma responsabilidade de todos".
"Devido ao contexto urbano verificado e às diversas tipologias de negócios existentes, estamos conscientes da dificuldade em responder e agradar a todos, contudo, a nossa posição é de diálogo e de abertura para construirmos uma solução conjunta", salientou.
Obras nas condutas
Os lojistas dizem que foram informados pelo Município, há cerca de um mês, que as obras da Águas de Gondomar previstas para substituição de condutas "foram adiadas sem data, por conta da intervenção que decorre na zona do Brás Oleiro", em Águas Santas, já no concelho da Maia.
Marco Martins explicou, contudo, que "não tem nada a ver uma coisa com a outra", sublinhando que "a intervenção é da responsabilidade da Câmara da Maia. Ao JN, referiu que "a Águas de Gondomar aguarda pela decisão da Autarquia para definir o "timing" da sua intervenção".
"Para já está tudo em "standby" e o melhor é que não voltem a mexer na rua", assumiu Bruno Ferreira, do talho Carnes Casal, convicto de que as alterações realizadas na Rua D. Afonso Henriques "em nada melhoraram o comércio". "Então a colocação das esplanadas numa das faixas de rodagem [medida entretanto revertida] foi uma aberração", acrescentou.
O comerciante não tem dúvidas de que o regresso dos autocarros no sentido ascendente, no final de agosto, "veio melhorar" o movimento na rua, "mas não chegam três carreiras".
Também Fernando Eugénio, do Eugénio Oculista, comentou que "não consegue entender as alterações feitas" na artéria, manifestando estar "farto de experiências". "Se voltar a haver alterações, a rua é cortada", alertou.
Objetivo é revitalizar
Quanto ao "plano final" para a rua, Marco Martins reiterou que "a Câmara tem todo o interesse na revitalização da zona da Areosa" e que "todas as medidas implementadas até aqui tiveram esse propósito".
Rui Sousa acredita que o melhor "é deixar a rua conforme está", rejeitando a ideia do projeto inicial, que previa passeios mais largos. "Como estão chegam muito bem! O mais importante é que a rua tenha movimento porque, se não, não estamos aqui a fazer nada!", sublinhou o comerciante.
Já Manuel Jorge confessou que "houve melhorias" desde que a via passou a ter autocarros a subir, mas lamenta não serem "suficientes". Com negócio aberto há mais de 40 anos, diz que "a Areosa está muito diferente, desde que o antigo mercado acabou".
Papeleiras cheias e Natal sem luzes
Os comerciantes ouvidos pelo JN queixaram-se também "do lixo que se acumula nas papeleiras [da zona da Areosa] e da vegetação nos passeios". Lamentaram ainda que Afonso Henriques não tenha tido iluminações de Natal, ao contrário da Rua Heróis da Pátria. Marco Martins referiu que "a limpeza é competência da Junta", a quem já reportou a situação. Já em relação às luzes, justificou que a empresa à qual foi adjudicado o serviço não cumpriu o contrato, tendo o Município "acionado os meios legais".