O tradicional Lanço da Cruz, que promove a troca dos compassos pascais de Valença e Sobrado (Galiza), no rio Minho, vai voltar a realizar-se na próxima segunda-feira. Este ano, com os olhos postos num possível reconhecimento de âmbito nacional.
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"A Câmara Municipal de Valença, em parceria com a União de Freguesias de Arão, Cristelo Covo e Valença e a Paróquia de Cristelo Covo está a trabalhar no sentido de classificar esta festividade como Património Imaterial Nacional", informa a autarquia de Valença, esta sexta-feira, em comunicado.
Manda esta tradição secular que os párocos das duas localidades, separadas pelo rio, embarquem numa procissão fluvial, se encontrem a meio para as saudações e sigam para a margem oposta para dar a cruz a beijar ao povo vizinho.
A iniciativa envolve os pescadores da aldeia de Cristelo Covo, Valença e de Sobrado, Tomiño.
"Milhares de minhotos e galegos são esperados, nas duas margens, nesta festividade onde a tradição, a fé e a devoção misturam o cristianismo com os ancestrais cultos pagãos das águas", refere o comunicado da Câmara de Valença, adiantando que " o Santuário da Senhora da Cabeça, na freguesia de Cristelo Covo, o parque de merendas do Cais de Sobrado - Torron, em Tomiño e o rio Minho são os recintos de uma autêntica romaria galaico-minhota que decorre sempre na segunda-feira imediata ao fim de semana da Páscoa".
Descreve a tradição: "cerca das 17 horas (Pt), depois da visita pascal a Cristelo-Covo, o pároco com a Cruz Pascal, entra num barco de pesca, no Cais da Senhora da Cabeça e dirige-se até ao meio do rio. Em Sobrado o desfile dos Chimpins (pequenos tratores) enfeitados, cheios de populares e com a Cruz Pascal dirige-se para o rio e aí embarcam nos barcos de pesca". E continua: "A meio do rio encontram-se as duas cruzes, com a portuguesa a seguir para Sobrado e a galega para Valença, sendo dada a beijar nas duas margens. Entretanto, os pescadores lançam as redes benzidas ao rio. Todo o peixe que sair no lance é para o pároco".
O Lanço da Cruz é animado até ao anoitecer por gaitas de foles concertinas, castanholas, bombos e tambores.