A necessidade de ter um Porto forte para agregar as várias vontades da Região Norte e a importância de, para atingir este desiderato, ser eleita uma figura política que se assuma como o rosto de uma estratégia concertada, foram, em síntese, as ideias-chave dos dois primeiros debates da conferência JN 125 anos, que está a decorrer esta segunda-feira na Alfândega do Porto.
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"O Porto não pode tentar ser uma nova capital", afirmou Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto e candidato independente à autarquia, para quem é crucial criar um "conceito metropolitano" que fomente as sinergias, assente numa "cúpula" política que ganhe legitimidade por via de uma eleição direta.
"Não podemos ter um Portugal a duas, três ou quatro velocidades", sublinhou, por sua vez, Artur Cascarejo, presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro, muito crítico do constante esvaziamento das estruturas que operam fora da capital.
José Luís Carneiro, líder da Federação do PS/Porto e membro do Comité das Regiões, apontou o dedo aos agentes regionais: "A voz do Porto nem sempre tem correspondido a uma visão territorial". Ou, dito de outra forma, nas palavras de Carlos Neves, presidente da Comissão de Coordenação da Região Norte, não é com "bairrismos ou regionalismos bacocos" que se atinge essa meta.
A ideia de uma visão agregadora dos problemas regionais também pautou as intervenções do segundo painel, dedicado à relação do Norte com a Europa. Com Luís Filipe Menezes, presidente da Câmara de Gaia e candidato do PSD à Câmara do Porto, à cabeça, na defesa de uma liderança política forte, protagonizada por um líder cativante. Os autarcas da região mais pobre do país devem, ilustrou, juntar-se e "vender por esse mundo fora a região". Para Menezes, os fundos do próximo Quadro Comunitário de Apoio (2014-2020) não devem ser vistos como a "panaceia" que vai resolver todos os problemas.
Mas nada disto se consegue, atentou Ribau Esteves, líder da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, se o Porto ficar a falar sozinho para o país. "Este Porto tem que cuidar da sua relação com o Norte, não pode estar fechado sobre si mesmo".
A relevância do próximo cheque de Bruxelas marcou o fim do primeiro debate da manhã. Se Mário de Almeida, presidente da Câmara de Vila do Conde, não tem grande fé no que pode vir a ser feito ("o que aconteceu com o último QCA foi um crime"), já o também socialista José Maria Costa, autarca de Viana do Castelo, lembrou que o próximo QCA é vital. Pelo seguinte: "O próximo dinheiro que vamos ter nos próximos anos vai ser o dos fundos comunitários".
A Conferência JN 125 anos prossegue esta segunda-feira à tarde, com mais dois debates: um sobre o Porto, as suas marcas e as estratégias de internacionalização, e outro sobre os grandes desafios de um Portugal positivo.
Miguel Poiares Maduro, ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, encerra a conferencia, às 18.30 horas.