A paciência dos autarcas do Grande Porto com a UNIR está a atingir o limite. Em reunião do Conselho Metropolitano, desta sexta-feira, admitiu-se que "está a chegar o momento" de se avançar com sanções ou de até colocar as operadoras da rede e tribunal.
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Em causa, sobretudo, o facto de, depois de um período de sete meses de adaptação e quatro meses após o início da operação, o Lote 5 ainda nem sequer dispor dos horários dos autocarros da UNIR.
O problema foi levantado por Amadeu Albergaria, na primeira reunião do Conselho Metropolitano do Porto (CMP), esta sexta-feira, como o substituto de Emídio Sousa na liderança da Câmara de Santa Maria da Feira.
"Ao fim de quatro meses de operação, o Lote 5, que inclui Santa Maria da Feira, a segunda maior operação com 96 linhas, ainda não tem horários publicados. Esgotaram-se todas as capacidades de razoabilidade, de pedir paciência às nossas populações. A operação continua sempre a falhar", denunciou Amadeu Albergaria, lembrando que há obrigações no contrato de concessão que têm que ser cumpridas.
Para o presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, não existe alternativa que não seja "começar a executar o contrato de concessão. "Dentro de dias, teremos que tomar atitudes, mesmo do ponto de vista jurídico", defendeu.
"Precisamos de por exigência junto dos operadores para o cumprimento do caderno de encargos", concordou o presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, apontando que os Municípios estão "a pagar por um serviço que não estão a ter". Pediu ainda celeridade na criação da Empresa Metropolitana de Transportes, que deverá estar pronta a avançar em junho próximo, para que se possa começar a fazer uma fiscalização efetiva da UNIR.
Apesar de, em Gondomar, Marco Martins admitir que ainda "faltam horários, autocarros novos e avançar com três linhas", o autarca mostrou-se otimista. "Acho que as coisas vão evoluir", disse. No entanto, foi o único. De Vale de Cambra surgiram novas críticas e ameaças. "É preciso colocar pressão sobre o operador para se normalizar o processo. Já ultrapassamos o tempo", afirmou José Pinheiro, garantindo que as queixas dos utentes são "diárias" e que há "uma insatisfação absoluta".
"Passados quatro meses, já é tempo de termos uma atitude diferente, de começarmos a fiscalizar e a penalizar", concordou a vereadora da Câmara de Vila do Conde, Sara Lobão, garantindo que, no seu concelho, há quilómetros que estão a ser pagos sem serem feitos. "Tivemos muita paciência mas as atitudes têm que ser diferentes", concluiu.
O vice-presidente do Conselho Metropolitano do Porto, Jorge Sequeira, concordou. "É verdade. Foi dado um tempo e as situações não foram resolvidas. Temos que avaliar se é necessário tomarmos medidas contratuais e jurídicas", admitiu.
Para o presidente da Câmara de São João da Madeira, "é bizarro" que no Lote 5 nem sequer existam ainda horários. "Os cidadãos têm toda a razão. Tiveram seis meses para adaptação. Foi dado mais um e ainda não estão a ser dadas respostas. Temos que chegar, a breve trecho, ao ponto em que são tomadas as medidas contratuais. Temos sido muito tolerantes, porque compreendemos que é uma operação de uma grande envergadura e escala. Mas esse momento está a chegar. Esse momento está próximo", assumiu Jorge Sequeira, no final da reunião ao limite.