Na Conservatória do Registo Civil, Comercial e Automóvel, na Maia, as folhas de papel servem de leque nas horas de maior calor. Com uma sala exígua para o atendimento ao público e sem ventilação suficiente, os funcionários já recorreram à greve para exigir melhores condições.
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Também na esquadra da PSP, instalada a poucos metros, aguardam-se melhorias. Há noites em que um papel afixado à porta do edifício dá conta do fecho do posto. As queixas são remetidas para a esquadra mais próxima, em Águas Santas, a cerca de sete quilómetros.
A Câmara da Maia diz estar "atenta e vigilante" aos problemas dos dois serviços públicos, que funcionam no centro da cidade, na Rua Dr. Augusto Martins. "A sala não tem condições para estarmos à espera. Vim tirar o cartão de cidadão, mas tive que fugir de lá de dentro porque não há climatização", contou Samuel Teixeira, que aguardou pela sua vez no exterior da Conservatória do Registo Civil.
Com a senha 35 na mão e uma longa fila de espera para renovar o cartão de cidadão, Albina Seabra viu-se obrigada a sair da sala da Conservatória para comprar água. "É um espaço muito pequeno para tantas pessoas. E sem ventilação", lamentou a mulher, de 60 anos.
Reconhecendo as "preocupações dos serviços", o Instituto dos Registo e Notariado (IRN) garantiu ao JN ter em curso "a implementação de um conjunto de medidas para repor a normalidade das condições de trabalho". Será distribuído, "muito em breve", mobiliário para aumentar os lugares sentados e novos computadores.
O IRN prometeu ainda "diligenciar pela conclusão da contratação de vigilância". Um serviço "fundamental" para os trabalhadores, que têm a vida complicada com os atendimentos divididos em dois pisos. Acresce a avaria da plataforma elevatória para pessoas com mobilidade reduzida.
"Há pessoas que se exaltam. No verão, as coisas pioram", disse uma funcionária que pediu anonimato, queixando-se ainda do material "obsoleto" e dos sistema informático com falhas constantes.
"É extremamente cansativo. E não podemos dizer às pessoas para falarem baixo porque elas ficam horas à espera. Algumas sentam-se no chão. Não é digno", relatou.
ministério em silêncio
Na esquadra da PSP, somam-se os constrangimentos. De acordo com a CDU da Maia, há 34 agentes afetos ao serviço, sendo que cada turno funciona com "o mínimo" de profissionais. Entre as 24 e as 8 horas, há dois polícias no carro-patrulha e um no posto. Uma situação "inconcebível" para a Autarquia, que já cedeu um terreno, na Rua Central do Sobreiro, para a construção de uma nova esquadra.
"A senhora secretária de Estado e o ministro da Administração Interna prometeram reverter a situação. Confiamos na palavra do Governo, mas se não for reposta a normalidade do serviço teremos que endurecer o nosso discurso e ação", alertou fonte da Autarquia.
Afirmando que "assegurar a disponibilidade dos meios é um dos principais desafios", o Comando Metropolitano do Porto da PSP assegurou que "a sua missão de garantir a ordem e tranquilidade públicas, bem como de prevenção e combate à criminalidade, não foi, nem será posta em causa". Embora o "atendimento ao público esteja encerrado pontualmente" à noite, o carro-patrulha é assegurado. O JN contactou o Ministério da Administração Interna, mas não obteve resposta.