Contestação por não ter existido discussão prévia sobre nova travessia do metro entre Porto e Gaia
São apontadas críticas à rigidez do caderno de encargos da nova ponte entre o Porto e Vila Nova de Gaia, que não permitiu "uma boa solução".
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A discussão em torno da nova travessia do metro começou quando há cerca de um mês as faculdades de Arquitetura, Ciências, Letras e Nutrição, localizadas no Polo do Campo Alegre da Universidade do Porto, contestaram a proposta de traçado, cota, perfil da ponte e acessos.
Em causa estão as questões de defesa da paisagem, salvaguarda patrimonial, impedimento do projeto de expansão da Faculdade de Arquitetura, segurança do acesso nascente da faculdade e agravamento das dificuldades de ligação entre os vários espaços e edifícios do Polo do Campo Alegre.
"Há uma falta de discussão prévia que poderia ter enquadrado um conjunto de perspetivas. Poder-se-ia ter chegado a uma solução mais interessante", considera a arquiteta Teresa Clix, que assinou já um artigo de opinião onde aponta outras hipóteses para levar o metro do Porto para Gaia.
Preocupações
"O problema reside no caderno de encargos que é extremamente rígido e não admitiu soluções que não cumprissem rigorosamente as regras de inserção urbanística quer do lado norte quer do lado sul", acrescenta a arquiteta. A vice-diretora da FAUP contesta esse caderno de encargos que "não foi discutido e que não permite aquilo que poderia ser uma boa solução para o território, com justificações pouco razoáveis quanto à altura da ponte dos lados do Porto e Gaia e até mesmo no que diz respeito à proximidade à ponte da Arrábida".
Também Teresa Marques, arquiteta paisagista, da Faculdade de Ciências do Porto, receia pelo impacto sobretudo na margem direita, que "tem do ponto de vista patrimonial uma grande riqueza, em todo aquele vale de Massarelos".
Mesmo que depois no projeto de execução haja medidas de mitigação, "o impacto será sempre muito forte do lado portuense, mesmo ao nível da implantação dos pilares, numa zona acidentada e de difícil acesso, e que vai afetar toda a área do ponto de vista social porque há gente que vive ali".
Já Álvaro Costa, engenheiro que desenvolveu toda a sua carreira profissional na área dos transportes, prefere falar na importância desta nova linha de metro. "Qualquer infraestrutura tem sempre impactos, mas a localização da ponte ali é a ideal para o funcionamento da rede", considera.
Para Álvaro Costa, o importante é construir-se a ligação às Devesas, de forma a aliviar General Torres e descongestionar a linha Amarela.
Nova linha para Gaia ficará pronta no final de 2025
A Metro do Porto formalizou em setembro um contrato de 2,8 milhões de euros com um consórcio constituído pela espanhola Ayesa e a portuguesa Quadrante para desenhar a segunda linha de Gaia, ligando a Casa da Música a Santo Ovídio. Serão seis quilómetros de rede, com sete estações, a executar entre 2023 e 2025.