A solução para o lado do Porto para travessia destinada ao metro está a causar polémica.
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Quando, a 18 de outubro, a Metro do Porto apresentou os três finalistas de concurso público internacional para uma nova ponte a unir as margens do Porto e Gaia estava longe de imaginar a polémica que se seguiria com a Faculdade de Arquitetura, paisagistas e geógrafos, entre outras figuras da sociedade civil, a contestarem o traçado da travessia, sobretudo a inserção e o impacto causado no lado portuense.
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A Metro diz que apresentou um caderno de encargos a que responderam 28 interessados mas 12 foram excluídos por não preencherem os critérios previamente estabelecidos e analisados por um júri independente. As propostas foram analisadas de forma anónima, sem se conhecerem os promotores: 30% da pontuação apreciava o conceito e 70% a execução técnica. Em primeiro lugar, com 94,20 pontos, ficou a proposta da empresa Edgar Cardoso, em segundo, com 90,65, a da Coba Consultores, e em terceiro, com 89,70, a ideia apresentada pela Betar Consultores.
Solução mais barata
A proposta da Edgar Cardoso apresenta a solução mais barata e a que ficará concluída em menor tempo por ser toda em betão, ao contrário das outras duas que optaram por uma solução em betão e aço. Quando se soube o veredito do júri (composto por arquitetos como Souto Moura, Alves da Costa, Inês Lobo, os engenheiros Armando Dias, Rui Calçada e Júlio Aplleton mais as ordens dos Arquitetos e Engenheiros e as autarquias de Porto e Gaia), tanto os responsáveis da empresa como os autarcas não esconderam a simpatia pela proposta colocada em primeiro lugar, pelo facto de Edgar Cardoso ter sido o engenheiro que projetou a Ponte da Arrábida, estrutura inaugurada em 1963 e da qual a nova travessia distará cerca de 500 metros.
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A nova ponte destina-se ao metro, integrando a segunda linha de Gaia, vital para desanuviar a atual linha Amarela, a mais procurada da rede.
O que a empresa Edgar Cardoso propõe é uma estrutura em tudo semelhante à rodoviária, ou seja, um pórtico com efeito de arco, toda em betão e com poucos apoios nas encostas. E é aqui que a contestação começa, com a Faculdade de Arquitetura a esgrimir argumentos quanto à forma como o tabuleiro assentará nos seus terrenos, que estavam destinados à expansão do estabelecimento de ensino, passando ainda sobre a casa onde viveu a escritora Agustina Bessa-Luís.
Mas todas as propostas validadas apresentam os mesmos pontos de interseção nas margens, por ser isso o que se previa no caderno de encargos distribuídos aos concorrentes. Já no início do século (2003), quando a Metro avançou com a ideia da segunda linha para Gaia, uma proposta assinada por Adão da Fonseca e Álvaro Siza Vieira, que ficaria conhecida por Ponte do Gólgota, previa este mesmo traçado.
Nada está decidido
Nada está ainda decidido e qualquer das três propostas finalistas pode vencer o concurso. Agora, cada uma terá de apresentar o preço da elaboração do projeto e o prazo para a entrega. Juntamente com o critério da avaliação técnica já efetuada será encontrado o vencedor, que terá depois um ano para apresentar o projeto. "É aqui que tudo pode mudar. Se alguém apresentar um prazo e um preço espetacular, ganha". Essa decisão ocorrerá a 30 deste mês e a 7 de dezembro será adjudicado o trabalho.
O vencedor apresentará depois um anteprojeto que dará origem ao Estudo de Impacto Ambiental. Nesta fase, a proposta terá novo tratamento e todo o projeto "irá ao detalhe".
JN promove debate e publica trabalhos
O JN promove, na próxima quinta-feira, às 21.30 horas, no auditório da Biblioteca Almeida Garrett, e em parceria com as câmaras do Porto e de Gaia, uma conferência sobre a nova ponte sobre o Douro. "Margens que se ligam" juntará especialistas das diferentes áreas, da mobilidade ao ambiente, do projeto ao planeamento. Ao longo dos próximos dias publicaremos também uma série de trabalhos sobre este tema.