Tiago Braga, presidente da Metro do Porto, recusa críticas de processo apressado para construir travessia Financiada pelo PRR, infraestrutura tem de estar pronta dentro de quatro anos.
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Considera inoportuna a discussão em torno da nova ponte de metro sobre o Douro e rejeita as acusações de que a Metro está a conduzir o processo com "pressa". Tiago Braga, presidente da Metro do Porto, diz que a empresa "considerou praticamente todas as opções" no que toca ao traçado da segunda linha de Gaia, que vai ligar a Casa da Música, no Porto, a Santo Ovídio. Tanto que nem a Ponte da Arrábida foi excluída dessa análise, mesmo que nunca tenha sido "verdadeiramente uma opção".
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Em entrevista ao JN e à TSF, Tiago Braga garantiu que a empresa realizou "dezenas de reuniões" com as câmaras de Gaia e do Porto para encontrar um traçado que respondesse a todas as "sensibilidades" do território, tais como a zona especial de proteção da Ponte da Arrábida, a casa de Agustina Bessa-Luís e os Caminhos do Romântico.
Por isso, alega, "não havia muitas alternativas". E utilizar a Ponte da Arrábida para o metro "não faz muito sentido", diz o presidente da Metro, uma vez que aquela travessia "não tem um caráter urbano", aspeto essencial à criação de uma nova linha de metro, pela necessidade "de servir além das cidades do Porto e de Gaia", com pontos que permitam aos passageiros trocar de linha e "interfaces para quem faz as suas deslocações de mais longe".
"Andamos neste processo há mais de um ano", reforça, recusando as acusações de que a empresa está "a fazer as coisas em cima do joelho". Mas Tiago Braga reconhece que, por depender do envelope financeiro do Plano de Recuperação e Resiliência - que destina 299 milhões de euros para a segunda linha, dos quais 70 são para a nova ponte -, aquela "infraestrutura tem que ser desenvolvida até 2025". "No final do processo, tínhamos de ter a certeza que a ponte era construível até 2025", reforça.
sete novas estações
Prevê-se que, além da retirada de carros das estradas, a segunda linha de Gaia sirva 35 mil pessoas por dia. Tiago Braga diz que a Metro percebeu que o destino de muitos passageiros transportados pela Linha Amarela que começam a sua viagem em Gaia é a Boavista, calculando que parte desses mesmos clientes utilize a ligação direta.
A nova linha terá sete novas estações. A partir do Porto, da estação já existente da Casa da Música, segue para o Campo Alegre, Arrábida, Candal, Rotunda VL8, Devesas e Soares dos Reis. Em Gaia, o traçado terá ligação a Santo Ovídio.
Tiago Braga realça a curva e contracurva da nova linha junto aos terrenos da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, no Polo do Campo Alegre. Explica que, dessa forma, o desenho não compromete uma possível expansão da academia, ainda que, clarifica, no Plano Diretor Municipal (PDM) não esteja previsto qualquer projeto nesse sentido.
Olhando para todas as propostas apresentadas, Tiago Braga afirma que "houve uma riqueza absolutamente notável". À rigidez ou limitação dos trabalhos imposta pelo caderno de encargos, que tem sido alvo de várias críticas por parte dos concorrentes excluídos, o presidente da Metro desmistifica: "Tivemos 27 propostas de todas as tipologias de pontes: com treliças, sem treliças, com pórticos ou com arcos".
propostas em túnel
Sobre a possibilidade de a ponte entrar diretamente na encosta do Porto em túnel, o presidente da Metro afirma que "No Porto, não há pontes a meia encosta". Além disso, acrescenta, o corredor para o canal do metro, junto à Faculdade de Arquitetura, "já está previsto no PDM há muito tempo".
E quanto à entrada no Porto em túnel, observa: "Também vimos essa solução. Parte da ponte ficava a 3,5 metros do telhado de habitações. Não me parece que seja uma solução conveniente", concluiu.