Este fim de semana, passaram 6294 pessoas pelo Salão Nobre da Irmandade da Lapa, no Porto, para ver o coração de D. Pedro IV. A exposição encerrou este domingo às 16 horas e muitos do que estavam na fila à espera não conseguiram visitar a relíquia, que viaja esta noite para o Brasil.
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Perante a grande afluência que a exposição deste fim de semana teve, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, admite ter vontade de que, "pelo menos uma vez de cinco em cinco anos, haja uma exposição do coração" de D. Pedro IV, primeiro imperador do Brasil. "Até porque o coração precisa de sair da urna para serem repostos líquidos", esclareceu o autarca, explicando que uma iniciativa deste género contribuiria para que "as futuras gerações se pudessem aperceber, não só do que é o coração mas também do seu significado, naturalmente simbólico e que vai além da relíquia".
O coração viaja esta noite para o Brasil, transportado pela Força Aérea Brasileira. Pelas 16.30 horas deste domingo, foi assinado o protocolo entre a Embaixada da República Federativa do Brasil em Lisboa e o Município do Porto que estabelece as condições para a trasladação.
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A relíquia partirá do Porto às 00.20 horas e será acompanhada pelo próprio presidente da Câmara do Porto e pelo comandante da Polícia Municipal do Porto, António Leitão da Silva. O coração regressará ao Porto no dia 9 de setembro, seguindo-se uma nova exposição, nos dias 10 e 11 de setembro, que "será complementada com uma pequena e explicativa mostra expositiva, organizada pela Irmandade da Lapa".
O documento que autoriza o "traslado temporário a Brasília do coração do monarca" foi assinado na Irmandade da Lapa pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e pelo embaixador Raimundo Carreiro Silva.
No final da cerimónia, todos os presentes foram visitar a relíquia, que ainda estava exposta na sala ao lado. Ao embaixador, Rui Moreira fez questão de explicar um pormenor: a vitrina, iluminada por dois pequenos projetores, coloca o coração de D. Pedro IV à altura média de um coração no corpo humano. Foi feito o cálculo da altura média da população em Portugal e no Brasil, que deixa a peça, sensivelmente, a 1,30 metros do chão.
"Pátria irmã"
"É bom termos a ideia de que D. Pedro declara a independência do Brasil em 1822. Depois, vem para o Porto ajudar as forças liberais. Entra na cidade, há o cerco do Porto e ele resiste aqui e é aqui que o liberalismo vence o absolutismo. D. Pedro já era imperador do Brasil nessa altura. Portanto, regressa a Portugal para uma luta pela liberdade", recordou Rui Moreira.
No seu discurso, já depois de ter assinado o documento, o autarca salientou que "ao ceder temporariamente este bem cultural que é o coração de D. Pedro, o Município do Porto está, não só a homenagear o Brasil, pátria irmã, mas também a promover o aprofundamento e a dinamização da cooperação entre os dois países irmãos".
A cerimónia contou também com a intervenção do embaixador Raimundo Carreiro Silva, que destacou "o grande significado" que a ida do coração de D. Pedro ao Brasil tem "para os brasileiros", mas sempre reforçando o igual "significado do retorno do coração à sua terra natal".
Por isso mesmo, acrescentou, a relíquia será recebida em Brasília "como se o próprio imperador estivesse a regressar ao país" e terá direito a "honras militares e salvas de canhão".