A Estrada Nacional 222 (EN222) está cortada há cerca de um mês, devido a uma derrocada de terras na Quinta dos Melres, em Lamego. Está a afectar a circulação entre a Régua e o Pinhão, com prejuízos na economia daquela zona.
Corpo do artigo
Os desmoronamentos na EN222 já não são novidade. Sempre que chove muito há vários, com maiores ou menores implicações na circulação rodoviária. Os últimos ocorreram no final de Fevereiro. Um deles situa-se a um quilómetro a montante da barragem de Bagaúste. É maior, mas só condicionou o tráfego, que se faz por única faixa de rodagem. A derrocada na Quinta dos Melres, entre a dita barragem e a chamada rotunda Lamego/Régua, que é menor, obrigou as autoridades a cortar a via com barreiras de cimento.
Fonte oficial da Estradas de Portugal (EP) explicou, ao JN, que o deslizamento das terras foi provocado pelo colapso de um muro de suporte e que na sequência da avaliação feita no local "constatou-se a existência de uma grande instabilidade dos terrenos na propriedade particular sobranceira à EN222". Atendendo à gravidade da situação, a EP entendeu que a segurança da circulação na estrada "estava comprometida", tendo optado pelo corte da via "até estarem garantidas novamente as devidas condições de segurança".
EP admite accionar a lei
De então para cá, e com vista à "resolução da situação com a maior urgência", a EP tem vindo a encetar contactos e a promover reuniões com entidades ligadas à região. Porém, a maior parte dos esforços da empresa estão a ser envidados junto dos proprietários da Quintas dos Melres, para que este providencie medidas que conduzam à estabilização da encosta. A EP admite "recorrer a todos os mecanismos legais ao seu dispor para o efeito". O JN tentou ouvir os proprietários daquela quinta, mas sem sucesso.
Técnicos da Câmara de Lamego já se deslocaram ao local para analisar a situação. A seguir transmitiram ao autarca, Francisco Lopes, as conclusões: "Não opinião deles não haveria grande risco se se procedesse à reabertura". Porém, admite que a EP tenha uma "posição mais cautelosa".
Certo é que o encerramento da estrada está a causar "grandes transtornos às pessoas e especialmente às actividades económicas". É o caso da Quinta de Marrocos, aberta ao turismo, cujo acesso se faz pela EN222, entre a barragem de Bagaúste e a derrocada da Quinta dos Melres. Segunda a gestora, Rita Sequeira, a situação é "vergonhosa" e está a ser "extremamente prejudicial para a casa", tendo havido "desmarcações de estadias".
Augusto Azevedo, do Hotel Folgosa Douro, também se queixa de um situação que "provoca transtornos aos turistas", para além de que "causa alguma sensação de insegurança a quem circula na EN222". O empresário acrescenta que a esta altura "já alguém devia ter sossegado os operadores turísticos ".
Há uma alternativa ao troço cortado, pela Estrada Municipal 108 da Régua, mas ambos os empresários entendem que "não colmata a lacuna", para além de ter "sinalização insuficiente".
Buracos a mais na EN 222
Os problemas da EN222 não se ficam pela zona próxima da barragem de Bagaúste. Entre as Bateiras (junto ao Pinhão) e São João da Pesqueira, o piso está em avançado estado de degradação.
A freguesia de Ervedosa do Douro é uma das mais afectadas. "Temos apenas esta estrada para nos ligar ao mundo e está numa situação caótica", desabafa o presidente da Junta, Joaquim Monteiro, ao mesmo tempo que exige uma intervenção rápida. "As pessoas que nos visitam e vêm trabalhar para o concelho de São João da Pesqueira passam martírios nestes buracos".
O presidente da Câmara pesqueirense, José Tulha, adianta que já solicitou uma audiência à EP para "reclamar a repavimentação da estrada", pois "se nada se fizer qualquer dia não se consegue sair da Pesqueira".
O autarca chama ainda a atenção para a situação, "também preocupante", da EN222-3, que liga Pesqueira à Ferradosa, e que "já não é intervencionada há mais de 20 anos". A Câmara e a EP estão em negociações para a transferência de propriedade para depois ser requalificar a via.