A Câmara Municipal de Guimarães mandou cortar um número indeterminado de árvores de porte adulto, no parque de Selho. Município de Guimarães diz que reduz as cheias, ambientalistas dizem que é uma "operação de cosmética"
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Entre os utilizadores, há quem ache que o abate era fundamental “até por causa das alergias” e outros que defendem que aquela vegetação fazia parte da margem. O município afirma que os trabalhos se destinaram a evitar as cheias, em alturas de muita chuva, mas a Associação Vimaranense para a Ecologia diz que se tratou de “uma ação estética de gosto duvidoso, porque a vegetação cumpre uma função”.
Uma quantidade de árvores, não especificada pelo município, e variada vegetação foi cortada pela empresa responsável pela limpeza urbana, Vitrus, na margem sul do rio Selho, na freguesia de São Cristóvão. Naquele ponto, a linha de água atravessa o parque e divide a freguesia da vila de Pevidém.
Maria Eduarda, não sendo moradora em nenhuma das duas freguesias, usa o parque para caminhar e concorda que o corte era preciso, “até por causa dos ‘algodões’ que causam alergias”. O marido, Joaquim Almeida, não concorda, “porque aquele verde faz parte da margem do rio e da natureza”. As posições do casal ilustram os sentimentos mistos da população.
Prevenção de cheias
A Câmara Municipal de Guimarães diz que o corte da vegetação “teve como principal objetivo promover a fluidez das águas durante períodos de chuvas intensas, prevenindo inundações a montante, protegendo habitações e fábricas”. O município afirma que as árvores que foram “removidas” se encontravam “no centro da linha de água” e que a ação foi importante para “otimizar o fluxo natural do rio”.
A presidente da Junta de Selho São Cristóvão, Marta Gonçalves , afirma que “a limpeza já era pedida há sete anos”. A intervenção da Câmara foi solicitada, explica, porque havia ramos de árvores em conflito com uma casa. O presidente da Junta de Pevidém, António Ribeiro confirma que “às vezes crescem árvores no leito do rio, das que deitam aquelas coisinhas brancas, e as pessoas pedem para cortarmos”. Contudo, esclarece, “não podemos mexer no leito, é uma competência do município”