Todos os dias passam por ali 200 comboios, mas a linha até Contumil, no Porto, só tem uma via em cada sentido. IP diz que TGV para o aeroporto prevê duplicação do canal.
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"Andam a prever a obra há 20 ou 30 anos" mas, até à data, os comboios continuam a sufocar na estação de Ermesinde, em Valongo. Em causa está a linha férrea que, com uma só via em cada sentido até Contumil, no Porto, obriga a que os 200 comboios que ali convergem todos os dias, vindos da Linha do Douro, do Minho e de Leixões (para transporte de mercadorias), no caso de se encontrarem, tenham de esperar uns pelos outros para seguir viagem. A falta de capacidade naquela que é uma das principais estações ferroviárias do Grande Porto provoca, há décadas, uma série de atrasos nos serviços e prejudica os passageiros.
Melhoria está prevista
A Infraestruturas de Portugal (IP) garantiu ao JN que as obras para a nova linha de alta velocidade, que ligará a estação de Campanhã ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, preveem um alargamento da linha férrea entre Ermesinde e Contumil, passando de dupla para quádrupla (duas vias em cada sentido). É por ali, de resto, que começarão as obras da 1.ª fase referente ao futuro traçado entre Porto e Vigo, acrescentou a mesma fonte. A construção deverá estar no terreno em 2026. Desconhece-se, para já, qual o desenho deste traçado, mas sabe-se que a tentativa de recuperar a Linha de Leixões para passageiros está em cima da mesa, podendo servir de extensão à alta velocidade.
Aliás, o presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, apela a um esclarecimento, por parte do Governo, "sobre o que pretende fazer com a Linha de Leixões". Até porque, acrescenta, "ela já é utilizada por funcionários da CP - Comboios de Portugal". "A ligação existe, está disponível, e poderia ajudar imenso as populações de Matosinhos, da Maia, e não só", observa.
"Atrasos em cadeia"
São cerca de sete quilómetros que separam as estações de Ermesinde e de Contumil. "Sempre nos chocou aquele nó. Andam a prever a obra há 20 ou 30 anos", critica António Cândido de Oliveira, diretor da Associação Comboios do Século XXI.
Por sua vez, o maquinista António Alves nota que "a capacidade física da infraestrutura está no limite" e que, com 200 comboios a passar pela estação de Ermesinde, dos quais 186 são de passageiros "qualquer incidente ou pequeno atraso gera uma série de atrasos em cadeia". Isto porque, "na prática, os comboios estão sempre uns atrás dos outros. E como não há capacidade de desviar, basta um parar" para entupir a via.
O autarca José Manuel Ribeiro nota que, a propósito da plantação de hortas na Palmilheira, a Câmara foi "obrigada a abdicar de uma parte" de terreno, precisamente por estar previsto o alargamento da linha férrea. "É urgente avançar com essa obra", reforça.
ATÉ AO AEROPORTO
Duas fases
A linha de alta velocidade entre Porto e Vigo será construída em duas fases. A segunda só poderá avançar após articulação com Espanha e a primeira contempla os troços entre Campanhã e o Sá Carneiro e entre Valença a Braga.
Trabalhos no terreno
O cronograma da IP aponta meados de 2026 como a altura em que avança o projeto e a construção da ligação ao aeroporto.
Percursos mais rápidos
Com a ligação de alta velocidade até ao Sá Carneiro pronta em 2030, prevê-se que um passageiro de Gaia demore 12 minutos a chegar ao aeroporto.