Uma "péssima notícia numa época de Natal", cujas consequências serão "catastróficas" para a economia local é como a oposição da Câmara de Matosinhos reage ao anúncio feito esta segunda-feira de manha pela Galp, que dá nota do encerramento definitivo das operações de refinação da Petrogal, em Leça da Palmeira, Matosinhos.
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António Parada, do movimento independente "António Parada, sim!", afirma ter começado a levantar questões sobre o futuro da Petrogal desde a desativação da monobóia ao largo de Matosinhos que permitia aos navios de grande envergadura fazerem descargas de crude para abastecer a refinaria ao longo do ano, mesmo em condições de mar adversas. A empresa garantiu que a suspensão era temporária.
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"Não achámos normal desativar a monobóia [que aconteceu na semana passada] e pedimos esclarecimentos à Câmara, que ia reunir com a administração da empresa esta semana", revela o vereador da Oposição, realçando a "extrema preocupação" no que toca à situação dos mais de mil trabalhadores em causa e também com "os problemas graves que isto poderá trazer para o concelho".
"É um fator gravíssimo para os cafés e restaurantes, entre outros serviços e comércio que serviam aquela estrutura", observa António Parada.
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Também o independente Narciso Miranda considera a notícia "perturbadora", que terá consequências "catastróficas" no emprego direto e indireto gerado pela Petrogal. "Matosinhos não pode caminhar no sentido de se transformar um centro logísitco", refere, salientando a "perda de instrumentos ao nível da produção de riqueza" do concelho.
Da CDU, José Pedro Rodrigues realça a "preocupação" que tem vindo a ser demonstrada pelo partido nos últimos meses, a par do anúncio da reestruturação da empresa e do "abrandamento de produção". "Esta decisão, profundamente negativa para Matosinhos, veio confirmar as piores expectativas. É uma machadada muito grande na afirmação económica deste país", considera o vereador da Proteção Civil, Transportes e Mobilidade.
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Está marcada para amanhã uma reunião extraordinária do Executivo, onde a CDU "vai propor que, na próxima reunião, esteja também presente a administração da Galp para prestar esclarecimentos sobre a sua decisão". O vereador critica o facto de "o desenvolvimento industrial do país estar cada vez mais inclinado para sul" e considera que "os impactos desta perda devem ser discutidos olhos nos olhos".
Travar a especulação
No que toca ao destino dos terrenos em questão, com uma área de cerca de 290 hectares, Narciso Miranda levanta algumas preocupações e considera ser preciso "definir regras rigorosas para travar qualquer processo especulativo". A decisão, que enviolve uma zona em frente ao mar, e "muito apetecível", concorda António Parada, "é preciso perceber o que leva a Galp a tomar esta medida".
"Será a descarbonização? Ou a potencialidade daquele terreno?", questiona o independente.
José Pedro Rodrigues também garante que a CDU "sabe bem dos apetites imobiliários que durante décadas ansiaram pelo fim da refinaria em Leça". O vereador garante, por isso, que nunca apoiará "nenhuma alteração do uso dos terrenos que permita outra coisa que não atividade económica".
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Esta manhã, a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, afirmou não saber qual o plano elaborado pela Galp mas que, de acordo com o Plano Diretor Municipal (PDM) aqueles terrenos estão classificados para uso industrial.
A par da localização dos terrenos, António Parada também coloca em cima da mesa a dúvida do abastecimento do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, na Maia. Atualmente, a Petrogal consegue abastecer diretamente os aviões que param no "Sá Carneiro" através de um "pipeline". Com o encerramento das operações de refinação, António Parada teme que o processo terá de passar a ser feito com recurso a autotanques, receando que esta solução "seja mais poluente ainda" do que a atividade atual da refinaria.