O casal de deficientes, residente no Casal da Mira, Amadora - que viu há tempos o tribunal penhorar-lhe um Renault Clio adaptado - foi, segunda-feira, despejado de casa, na Amadora. Daniel e Laurinda Ribeiro dizem ter sido avisados através de um simples aviso oral na sexta-feira. A Câmara desmente.
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Foi de lágrimas nos olhos que Daniel e Laurinda Ribeiro, 54 e 56 anos, viram os funcionários da Câmara Municipal da Amadora (CMA) transportarem os seus bens para fora da casa.
Em 2007, por causa de uma dívida relacionada com um café que geriram em Leça da Palmeira, Daniel e Laurinda foram viver para casa do tio, que viria a morrer dois anos depois.
Como se tratava de uma habitação municipal, o casal foi avisado, nessa altura, de que deveria sair. Segundo a CMA, em junho de 2009, a família assinou mesmo uma declaração de intenção em abandonar a casa dentro de dois meses.
Apoio de 700 euros
O casal recebeu então 700 euros da Segurança Social para procurar habitação no mercado privado. "Mas não conseguimos arrendar casa porque toda a gente queria ver os nossos rendimentos e diziam que não eram suficientes", alega Laurinda, acrescentando que a única fonte de rendimento do casal são as duas pensões de invalidez, no valor de 300 euros cada.
"Acabámos por gastar o dinheiro em obras e limpezas nesta casa, que tinha baratas e cheirava mal".
Laurinda Ribeiro admite ter recebido "muitas ameaças" de que tinha de abandonar a casa, mas que nunca eram concretizadas.
Até segunda-feira. "Na sexta-feira, bateu-me à porta um polícia municipal e disse que vinham despejar-nos na segunda", conta. "Não nos mostraram nenhum documento, mas vieram mesmo", garante
Sem sítio para morar
Agora, a família diz não ter onde morar. Para já, alguns dos bens ficaram no velho carro adaptado do casal, um Renault Clio de 1995 que, embora tenha sido penhorado em maio, permanece estacionado à porta da casa onde o casal morava até ontem. "É desumano o que nos estão a fazer. É uma perseguição", diz Daniel Ribeiro.
A CMA garante que a família dispõe de "alternativa habitacional no norte do país" e deixou de colaborar com a autarquia e a Segurança Social na busca de uma solução.