Mulheres de todas as idades e de sete nacionalidades exibiram trajes coloridos e ouro nas ruas de Viana do Castelo, apinhadas de gente.
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Rosalina Viana, 80 anos, natural de Viana do Castelo, desfilou este ano pela 25.ª vez no Desfile da Mordomia, da romaria de Nossa Senhora d'Agonia. Celebrou "as bodas de prata" com a alegria de sempre e rodeada de descendentes. A sobrinha-neta, Bárbara, e as sobrinhas Patrícia, Alexandra e Helena, esta última nascida e criada em França.
Emigrante no Luxemburgo, Rita Pinto, de 24 anos, também desfilou, num grupo de sete. A avó, a mãe, uma tia e amigas, de Celorico de Basto e Cantanhede.
A "chieira", palavra usada em Viana para definir a vaidade da mulher que desfila trajada e "ourada", corre mundo e atravessa gerações.
Esta quinta-feira, o desfile, o primeiro grande número da romaria que decorre até 22 de agosto, contou 908 incrições de 11 dos 18 distritos de Portugal, e Brasil, Estados Unidos da América, França, Luxemburgo, Reino Unido e Suíça. E com idades dos 14 anos em diante. Como sempre, a cidade encheu para as aplaudir.
"Adoro desfilar. Faz este ano 25 anos que venho. Nunca [o desfile] foi com tantas mulheres. Este é o máximo. Quando comecei a ir, iam talvez umas 400", recordou a octogenária Rosalina Viana, comentando que "antes, no fim do desfile, tirávamos fotografias, no largo de S. Domingos e no jardim, e tínhamos espaço, sem estar um mundo de gente. Agora não dá".
Rosalina é um testemunho vivo do amor à romaria d'Agonia, que contagia cada vez mais mulheres.
"Já levei doze sobrinhas [no desfile]. As pessoas perguntaram 'como é que ela pode ter tantas sobrinhas'? Somos 15 irmãos. Tenho quarenta e tal sobrinhos, e já há sobrinhas-netas que desfilam comigo", refere.
A sobrinha-neta, Bárbara, foi a última a chegar à concentração de mordomas para o cortejo que partiu depois das 16 horas. "Foi dar de mamar ao bebé, que tem dois meses e já vai no cortejo [histórico-etnográfico] no sábado", referiu a tia-avó Rosalina.
Gil Viana, é filho de Rosalina, e faz parte da comissão de festas (da VianaFestas) sete anos, embora refira que "participa na romaria há 40 anos". Contou que organizar a maior Mordomia de sempre, foi "um trabalho árduo, mas recompensador".
"Na maior parte dos casos é ajudar algumas das participantes a perceber o que é o seu traje, se estão devidamente trajadas e precisam de ajuda", explica, considerando importante esta conhecerem "de quem era o traje, o que representa e de que freguesia é, para que realmente a chieira das mulheres vianenses transborde".
Rita Pinto não é de Viana, mas conhece bem a tradição. Fisioterapeuta, a trabalhar no Luxemburgo há meio ano, tirou férias para desfilar em Viana "pela terceira vez".
"O meu tio vive cá e a minha tia começou isto antes, e foi-me arrastando. Ela começou sozinha e este ano já somos sete. Duas meninas, são da zona de Cantanhede, e vêm pela primeira vez", contou. "O que me traz aqui, é a chieira. Para mim que estou lá fora, é um orgulho muito grande poder mostrar que conheço e vivi a nossa tradição".
Este ano, escolheu desfilar com um traje de Dó, adornada com peças de ouro "suas e da avó".