A Associação do Porto de Paralisia Cerebral está de luto. Uma funcionária e um utente da instituição, sediada em Campanhã, morreram, ontem, sexta-feira, na sequência de um despiste de uma carrinha da associação, ocorrido na A1, em Estarreja. Cinco colegas ficaram feridos.
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Uma funcionária e um utente da Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC) morreram, ontem, na sequência de um acidente de viação. A carrinha da instituição, que transportava sete pessoas, despistou-se na auto-estrada do Norte (A1), às 15.40 horas, a cerca de um quilómetro da saída de Estarreja. O ligeiro de passageiros, por razões desconhecidas, saiu da auto-estrada, galgou os rails de protecção e ficou imobilizado lateralmente na vala que delimita a via rápida.
Margarida Silva, 40 anos, auxiliar da instituição, que conduzia a viatura, e Alberto Fortunato, 45 anos, utente da associação, ambos residentes no Grande Porto, faleceram no local. A violência do despiste provocou ferimentos nos restantes cinco passageiros, mas nenhum corre risco de vida, segundo apurou o Jornal de Notícias junto dos hospitais de Aveiro e de Santa Maria da Feira, onde foram assistidos.
Em Aveiro deram entrada Maria Souto, de 31 anos, José Neves, de 40, e Filipe Silva, de 27 anos. Este último foi transportado no helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que aterrou no relvado do estádio universitário devido ao facto do heliporto do hospital não estar certificado. Para o Hospital S. Sebastião, em Santa Maria da Feira, seguiram dois feridos, um homem, de 25 anos, e uma mulher, de 26, mas tal como os restantes "sofreram ferimentos ligeiros, encontrando-se estabilizados", adiantaram fontes médicas dos dois hospitais.
As vítimas mortais seguiram para as instalações em Aveiro do Instituto de Medicina Legal.
Regressavam da Ericeira
O grupo seguia no sentido sul-norte da A1. "Quatro utentes, duas auxiliares e um técnico regressavam da Ericeira, Mafra, onde tinham ido passar uma semana no âmbito de um programa de acolhimento temporário", contou, ao JN, uma fonte ligada à instituição.
Segundo a mesma fonte, "foi o primeiro acidente grave ocorrido com uma viatura da Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral do Porto", criada em 1976.
< Nas instalações da APPC, em Campanhã, reinava um ambiente de natural consternação. Abílio Cunha, presidente da entidade de apoio a pessoas deficientes, confirmou que o grupo regressava de Ericeira. "Estavam de volta a casa e, infelizmente, sofreram o acidente", desabafou, bastante constrangido, o presidente da instituição.
Auto-estrada cortada
Como a Associação do Porto de Paralisia Cerebral é uma unidade residencial temporária, a grande maioria dos utentes são externos, isto é, visitam o estabelecimento com o intuito de proceder a várias tarefas relacionadas com a sua reabilitação, regressando posteriormente às suas casas. Era o caso de Alberto Fortunato, que se preparava para passar o fim-de-semana com a família.
Nenhum colega da funcionária falecida se prontificou a falar à nossa reportagem, sendo visível o desconforto, perante a tragédia.
O trânsito no sentido sul-norte da A1 esteve cortado até às 17.20 horas, segundo fonte da GNR. O Núcleo de Investigação de Acidentes de Viação da GNR de Aveiro vai averiguar as eventuais causas do acidente.
* com Jesus Zing e João Faria