Proprietário insiste em hotel no edifício cujo alvará mantém uso como hospital. PDM do Porto só permite ali serviços.
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O imponente edifício nas imediações do Estádio do Dragão, em Campanhã, no Porto, que se destinava a um hospital privado, está praticamente concluído, mas a versão final do projeto de arquitetura ainda não foi entregue no gabinete de Urbanismo da Câmara do Porto. E o destino final do imóvel continua uma incógnita.
Na Câmara perdura o alvará da obra para um equipamento hospitalar, mas segundo o proprietário, Domingos Névoa - que comprou o prédio inacabado à construtora ABB - Alexandre Barbosa Borges -, a intenção é ali instalar "um hotel, um aparthotel e uma clínica". "Mas tudo na área dos serviços", vincou o empresário, adiantando que a zona exterior do imóvel "está já concluída", entrando a empreitada "na fase final de contratação para o interior".
Há um ano, Domingos Névoa já acalentava a vontade de instalar um hotel no edifício construído para ser uma unidade hospitalar, dando conta que tinha duas "boas propostas de empresas com credibilidade da área hoteleira" e que "não fazia sentido" que não se pudesse alterar o Plano Diretor Municipal (PDM).
Contudo, a Câmara assinalou, na altura, que seria "impossível" instalar neste local um hotel, frisando que a zona se destina "a imóveis da área dos serviços".
pedido de alteração negado
Aliás, a empresa Predi5, de compra e venda de bens imobiliários, pertencente a Domingos Névoa, solicitou, ainda na fase de discussão pública do PDM, que fosse efetuada a "revisão da qualificação do solo da parcela em questão", na Rua da Fonte Velha, para "incluir também a implementação dos usos de habitação, comércio e serviços, permitindo desta forma viabilizar a utilização do edifício". Porém, o pedido não foi aceite.
Desde então, nada mudou. Aliás, fonte da Autarquia frisa que o novo PDM mantém "o mesmo uso", permitindo apenas prédios da "área dos serviços", como uma universidade ou uma residência para idosos.
A mesma fonte confirmou que atualmente "perdura o alvará da obra para um equipamento hospitalar". O que não invalida que, "a qualquer momento, dê entrada um novo pedido de licenciamento ou um pedido de informação prévia". O que ainda não aconteceu.
A Predi5 tem feito vários pedidos de prorrogação do prazo de conclusão da empreitada, como aconteceu em maio de 2021, alegando que a obra sofreu um atraso por conta de "inconvenientes da pandemia". Na altura, a empresa alegou que faltava concluir a fachada e os arranjos exteriores. O prazo para esses trabalhos expira agora em junho.
Por fora, o edifício está praticamente concluído. Os arruamentos envolventes também já estão prontos, incluindo passadeiras pintadas e sinais de trânsito. Todavia, o acesso às novas vias ainda está interdito.