Divertimento que "aprisionou" sete pessoas em Viseu só volta a funcionar após inspeção
O equipamento que encravou a cerca de 30 metros de altura, aprisionando sete pessoas durante perto de três horas, na feira de São Mateus, em Viseu, só voltará a funcionar se “houver totais garantias de segurança” por parte das autoridades que vão averiguar o incidente.
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Sete pessoas ficaram presas, a uma altura de 20 a 30 metros acima do nível do solo, num divertimento conhecido por “Monster” na Feira de São Mateus. A máquina encravou cerca das 21.15 horas e a ocorrência ficou resolvida três horas depois, quando a última vítima foi retirada.
“Retiramos sete pessoas. Todas sem ferimentos, sem necessidade e cuidados pré-hospitalares, que já regressaram às suas vidas normais”, disse aos jornalistas o comandante dos Bombeiros Sapadores de Viseu, Rui Nogueira, num balanço aos jornalistas pelas 0.45 horas, cerca de 30 minutos após a última das sete pessoas resgatadas pôr os pés no chão. Com direito a palmas. “Foram concluídos os trabalhos de resgate com sucesso, como se esperava”, acrescentou.
“É de felicitar a capacidade técnica operacional e a facilidade com que estes operacionais conseguiram transformar as pessoas que estavam presas em colaborantes na operação. Este foi um dos pontos determinantes do sucesso”, disse Rui Nogueira. “Houve vários momentos em que as pessoas tiveram picos de ansiedade, mas à medida que a operação foi evoluindo as pessoas foram ganhando confiança e colaboraram com a operação de resgate”, acrescentou.
Presos entre 20 a 30 metros do chão
Das sete pessoas presas no “Monster”, com idades compreendidas entre os 11 e os 42 anos, quatro foram retiradas mais rapidamente. “Na primeira fase da operação estivemos a trabalhar a cerca de 20 metros de altura; na segunda cerca de 30”, explicou Rui Nogueira. “Naturalmente, foi preciso reajustar a estratégia para trabalhar a esse nível de altura e a complexidade aumentou”, acrescentou, satisfeito pela forma como correu o salvamento e elogiando “o altruísmo do técnico do equipamento” que se juntou aos bombeiros para ajudar ao resgate.
“Estamos muito satisfeitos com todo o dispositivo de segurança instalado aqui na feira”, disse Rui Nogueira. “A operação veio demonstrar que o dimensionamento do dispositivo é adequado a esta feira”, disse o comandante dos sapadores. O dispositivo que foi reforçado, para esta operação, com a auto-escada e um veículo de combate, e mais seis homens, e mostrou que estava “pronto e capaz de resolver os problemas”.
Pedro Alves, presidente da direção da Viseu Marca, que organiza a Feira de São Mateus, também elogiou o dispositivo de segurança e a forma como decorreu a operação. “Foi uma avaria. Conseguimos ter, felizmente, um dispositivo de segurança que nos permitiu dar a resposta adequada. Não estamos satisfeitos que tenha acontecido, mas estamos satisfeitos pela forma como decorreram os processos de socorro”, disse, também a falar aos jornalistas no fim do salvamento.
Averiguação começa imediatamente
“A partir de amanhã [hoje] averiguaremos o que aconteceu e depois agiremos em conformidade com as conclusões que forem retiradas”, disse Pedro Alves, sublinhando que o “Monster” só voltará a funcionar na feira de São Mateus “se houver garantias de total segurança por parte das entidades competentes”, como o Ministério da Economia. “Iremos averiguar também junto do próprio fabricante deste tipo de equipamentos para perceber a razão da avaria”, acrescentou.
“Estes equipamentos têm de obedecer a um conjunto regras e de vistorias que são efetuadas junto de entidades competentes”, disse o presidente da Viseu Marca. “Nós, aquando da inscrição destes operadores recebemos todas as licenças adequadas para o seu funcionamento”, explicou.
Pedro Alves considera que a avaria “não põe em causa a segurança” dos divertimentos da Feira de São Mateus. “Como se aperceberam, depois de ser feito o perímetro de segurança a feira continuou, as pessoas perceberam que havia condições para continuar dentro da normalidade possível”, disse. “As pessoas não deixarão de vir, como podem ver, a feira continua”, acrescentou.
Não só continua, como não chegou a parar. Enquanto decorriam as operações de socorro era visível o fogo de artifício no recinto da feira. “Tivemos a noção exata do que estava a acontecer e tivemos segurança em todos os parâmetros, para quem estava a operar e quem estava em perigo”, disse, sublinhando que “não houve sinais de ressentimento.”
Festa não incomodou os bombeiros
Para os bombeiros, o show continuar não foi um problema. “Só paramos aquilo que tivemos de parar para criar um perímetro de segurança ajustado à operação em curso”, disse Rui Nogueira. “A feira não parou. O objetivo era, sem vítimas, repor a normalidade”, acrescentou o comandante das operações de socorro, sublinhando que não sentiram dificuldades acrescidas pela continuação da feira.
“As principais dificuldades tiveram a ver com o trabalho em altura, as variáveis como vento, como a gestão das emoções da pessoa que está presa”, explicou Rui Nogueira. “Mas fazem parte da preparação de um bombeiro profissional, por isso conseguiram exercê-la com sucesso”, acrescentou o comandante das operações de resgate, estendendo as felicitações também aos polícias, aos profissionais de emergência médica e aos funcionários da Feira de São Mateus.