Um caso grave de emergência social está a deixar a comunidade da Triana, em Rio Tinto, Gondomar, inquieta. Manuel (nome fictício), 54 anos, vive há anos pelas ruas da freguesia, com o seu estado a agravar-se. Além de obesidade mórbida e outras patologias, sem tratamento, o homem tem as duas pernas com 30 feridas repletas de larvas de moscas. O facto de estar a viver ao relento também não tem ajudado.
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Manuel admite ter recusado ajuda da Segurança Social, que lhe propôs a ida para um quarto arrendado ou para um lar. Ao JN, disse que não quer estar preso.
A Segurança Social diz que "está a ser tentado um novo plano de intervenção e tratamento" em articulação com as entidades de saúde, revelando que foi indeferido, em maio de 2019, um pedido de intervenção ao Ministério Público "para um pedido de internamento compulsivo".
Acrescentando que, "neste momento conta-se, também, com o apoio de familiares do beneficiário", a instituição refere que, "dependendo da adesão do beneficiário, far-se-á novo pedido de intervenção do Ministério Público, no sentido do seu internamento".
Bombeiros e INEM são chamados pelos vizinhos para tentar resolver o problema, mas além de não conseguir tratar-se, nem ter onde fazer a sua higiene, Manuel é analfabeto.
O homem descreve uma sensação de "peso" nas pernas de tal ordem, que mal consegue mover-se. Por isso, fixou-se num terreno privado. Dorme em cadeiras de plástico, ao relento.
"é doloroso"
De acordo com os moradores da zona, o dono do terreno permite que o homem lá permaneça. A última vez que Manuel foi observado no Hospital de Santo António, no Porto, ocorreu há três dias. No relatório médico pode ler-se que o sem-abrigo já esteve naquela unidade hospitalar várias vezes para tratar as feridas.
Esteve internado em junho do ano passado. Para tratar as lesões e retirar as larvas, foi indicada, na quarta-feira, "lavagem diária com solução de hipoclorito e aplicação subsequente de vaselina (para sufocação dos vermes)".Prudência Pinto, de 70 anos, que ajuda o sem-abrigo com cobertores e comida, e que também não sabe ler, diz que é "preciso que alguém vá fazer o curativo".
Há na comunidade quem se queixe do temperamento violento do sem-abrigo, motivado pelo consumo de álcool e problemas psiquiátricos. Pedem tratamento urgente e uma rápida intervenção às instituições.
*com Roberto Bessa Moreira