O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, afirmou que os 365 centros tecnológicos especializados aprovados com fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) vão estar concretizados até ao final do ano.
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O governante inaugurou, na manhã desta segunda-feira, dois centros em Famalicão e alertou para a necessidade de cumprir as metas do PRR. O projeto, que representou um investimento de 480 milhões de euros, visa aumentar a qualidade do ensino profissional.
“A meta intermédia de 104 centros que tem de ser cumprida por esta altura, deverá acontecer. Fizemos avisos adicionais que fazem com que estejamos a fazer investimentos em 400 centros tecnológicos especializados, o que nos dá uma margem para o caso de haver algum que falhe e não consiga cumprir. Mas quer escolas, quer autarquias não perderão oportunidades, relevância, capacidade de atração de estudantes e por isso sinto um grande envolvimento de todos para que estas metas sejam cumpridas”, afirmou Fernando Alexandre.
O Centro Tecnológico Especializado na área industrial da escola profissional Cior, o primeiro a ser inaugurado, está vocacionado para os cursos de Técnico/a de Maquinação e Programação CNC, Técnico/a de Desenho de Construções Mecânicas.
Num investimento de quase dois milhões de euros, o novo espaço integra uma zona de maquinação que é metade do pavilhão, três laboratórios de meteorologia, área da soldadura, tradicional e robotizada, com simuladores e toda a parte de bancada e tornos convencionais.
Atualmente, o CTE serve cerca de 80 alunos, mas o objetivo do estabelecimento de ensino é que esteja ao dispor de 150 alunos dentro de dois anos. De resto, a Cior aguarda autorização para abrir o curso de Técnico de Soldadura.
Amadeu Dinis, diretor da Cior, salientou que esta nova infraestrutura vai “formar e captar técnicos qualificados e de acordo com as exigências do setor industrial”.
A construção do centro custou mais cerca de 300 mil euros do que o previsto, mas o responsável diz já ter pedido apoio à Câmara Municipal.
O diretor frisou ainda a ligação próxima entre escola e empresas para que a formação seja adequada ao contexto de trabalho. De resto, Adão Azevedo, dono de uma empresa de produção de seccionados de alta e muito alta tensão, é perentório em salientar a importância desta ligação para conseguir recursos humanos qualificados.
“É fundamental ter este tipo de escolas como parceiras”, afirmou Manuel Barros, de uma empresa produtora de equipamentos para a indústria metalomecânica.
Ainda assim, Amadeu Dinis, que é também presidente da Associação Nacional de Escolas Profissionais, alertou o governante para a necessidade de “alterar os modelos de financiamento dos cursos profissionais”. Considera que o financiamento tem de estar afeto ao ministério da educação e advir do orçamento de estado.
“Os valores unitários afetos a cada curso foram estabelecidos em 2010 e quinze anos depois e uma taxa de inflação acumulada de 30%, os valores estão inalterados”, adiantou. “A alteração das tabelas é urgente”, apelou, notando que estas questões estavam “muito bem encaminhadas”, mas, com os recentes desenvolvimentos políticos, era necessários que as preocupações “ficassem registadas”.
Também a Escola Secundária Camilo Castelo Branco inaugurou um CTE para a área da informática, num investimento de cerca de 575 mil euros. Vai permitir não só aumentar a qualidade da formação, mas também o desenvolvimento de projetos com universidades.
O presidente da Câmara, Mário Passos, esteve presente nas inaugurações, salientando o investimento da Autarquia na área da educação.
“Temos um compromisso inabalável com a educação”, afirmou, explicando que 47 milhões de euros do orçamento municipal destinam-se à educação e, destes, 23 milhões de euros são para obras.
O autarca notou que é preciso começar a mudar o paradigma do ensino profissional e pediu mais competências nessa área.