Cavalgata dos Reis Magos ligou Valença a Tui. Distribuiram rebuçados e “lançaram” a noite das prendas em Espanha.
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Dois irmãos galegos e um amigo cubano encarnaram esta sexta-feira, de corpo e alma, o papel de reis Melchior, Gaspar e Baltasar, na tradicional “Cavalgata Internacional de Reis”, que todos os anos atravessa as cidades de Valença e Tui em ambiente de festa. Até para dar entrevistas pediram recato para não desiludir as muitas crianças, a maioria vindas de Espanha, que os rodeavam a pedir fotografias e rebuçados. “Em Espanha, os pequenos acreditam nos Reis Magos. É como acreditar no Pai Natal”, segredou ao JN, Samuel Gomez, o rei Gaspar, fazendo sinal, para se afastarem para um canto discreto, ao irmão Ismael, vestido de Melchior, e ao amigo Lenin Hernandez, o Baltasar, imigrante de Cuba, a residir na Galiza há dois anos.
“Este é um dia bonito e feliz para os ‘nenos’ (meninos). Divertimo-nos muito. Gostamos de nos disfarçar e também gostamos de ver a alegria deles quando nos veem. É o mais bonito deste dia”, disse Samuel, comentando que a distribuição de rebuçados faz parte da festa. Mas os ‘nenos’ querem é ver os reis “porque lhes vão trazer as prendas" amanhã à noite, explicou.
A festa dos Reis tem grande tradição em Espanha e, por isso, à hora de saída da Cavalgata, as ruas de Valença estavam apinhadas de gente, mesmo com a chuva que foi caindo até parar antes do início do desfile.
Munidos de guarda-chuvas, miúdos e graúdos, tentaram recolher os rebuçados coloridos que caíram do céu, o mais que podiam. “É mais fácil, porque senão a minha neta não consegue. Assim apanham-se muitos”, explicou Isabel Ferreira, de guarda-chuva aberto e virado ao contrário.
Também Kyra Summer e a irmã Adriana, de 10 anos, filhas de pai americano e mãe espanhola residentes em Vigo, usaram os seus guarda-chuvas da Minnie e da Frozen, para caçar doces coloridos. “É a segunda vez que vimos. Nos EUA há pouca tradição dos Reis e elas adoram. Estou aqui por causa delas”, comentou o pai Eduard, rindo do truque para apanhar rebuçados.
O cortejo com sete carros alegóricos percorreu esta sexta-feira, ao longo de duas horas, 3,5 quilómetros entre o Largo da Estação de Valença e o Paseo da Corredoira, em Tui, atravessando a antiga ponte sobre o rio Minho.