Um grupo de proprietários dos carros que arderam no Aeroporto Parque, no Prior Velho, em Loures, a 16 de agosto, vai avançar com uma ação conjunta contra a empresa a quem confiaram os veículos, enquanto foram de férias. A intenção é serem indemnizados pela falta de assistência quando regressaram a Lisboa.
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“A minha maior revolta não é pelo acidente em si, mas pela falta de profissionalismo da empresa após o incêndio”, explica Vânia Oliveira, educadora de infância da Marinha Grande. “Pernoitámos no aeroporto, no meio dos sem-abrigo, porque não havia vagas nos hotéis na zona, e ninguém nos facultou transportes, nem um sítio onde pudéssemos aguardar”, concretiza.
“No dia do acidente, estavam em pânico, mas há pessoas que ainda estão a chegar de férias, e a empresa continua a não dar apoio”, denuncia Vânia Oliveira. “No meu caso, agosto é o meu único período de férias, e estou barricada em casa, porque só tinha aquele carro.”
Convicta de que a culpa é da empresa, a educadora de infância acusa-a de ter estacionado as viaturas demasiado juntas. “Para irem buscar o meu carro, tinham de tirar sete ou oito primeiro”, argumenta. Como fez um seguro contra todos os riscos, conta recuperar grande parte do dinheiro investido. Contudo, só poderá ser ressarcida quando tiverem sido apuradas as causas do sinistro.
Vânia Oliveira ressalva, porém, que se houver “mão criminosa” não será possível apresentar um pedido de indemnização cível. “E quem tiver só um seguro contra terceiros não vai ter apoio da seguradora sequer”, lamenta.
Grupo no WhatsApp
Empresário na Figueira da Foz, Vítor Pereira tomou a iniciativa de constituir o “Grupo de Lesados do Incêndio do Prior Velho, Lisboa” no WhatsApp, para encontrar outras pessoas na mesma situação. “Estamos a tentar dar passos para fazer uma ação conjunta”, confirma.
Na noite em que chegou de viagem, em vez de ter a sua viatura à espera no aeroporto, como era habitual, Vítor Pereira foi informado do incêndio, e deslocou-se à empresa para obter mais informações, mas só conseguiu o número da apólice da Aeroporto Parque. Acabou por alugar um veículo para regressar a casa. “O meu carro era de sete lugares, porque tenho uma família grande, e a minha sogra anda de cadeira de rodas”, explica. “Está a fazer-me uma falta tremenda.”
O JN tentou ouvir a Aeroporto Parque, sem sucesso. Porém, há quatro dias, informou Vânia Oliveira que estão a fazer o “inventário das viaturas afetadas”, operação que estaria a ser condicionada pela Proteção Civil, e aconselhou a participação do sinistro à seguradora.