O pagamento de uma taxa de 500 euros para entregar e defender a tese de doutoramento na Universidade do Porto (UP) está a criar revolta entre os alunos. Alguns já pediram a redução do valor ou até a isenção do mesmo perante a situação pandémica, já que as defesas estão a ser feitas online. A instituição diz que os custos se mantêm.
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"Acharam que não se justificava o custo e tentaram apelar à reitoria, mas disseram que não estava prevista a redução", conta Ana Isabel Silva, de 26 anos, aluna de doutoramento no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), dando nota de que o valor nunca variou muito.
Questionada pelo JN, a UP diz que o valor "tem por base os custos estimados com o tempo de serviço necessário aos três membros do júri para estudo, análise, verificação e argumentação da tese de doutoramento". De acordo com os alunos, a justificação da reitoria prendia-se sempre com as deslocações do júri necessárias à marcação de presença na defesa.
"chantagem financeira"
Para Ana Isabel, a situação enquadra-se numa espécie de "chantagem financeira". "Os alunos trabalham na tese durante quatro anos e têm pressa em entregá-la para deixar de pagar as propinas e receber o título. Muitas vezes, quando vão entregá-la é que se apercebem da taxa. Ou seja, ou pagam a taxa de 500 euros para concluírem o doutoramento ou continuam a pagar a propina", clarifica a estudante, criticando a inexistência de quaisquer descontos até para alunos com direito a bolsa.
A UP esclarece que não está prevista nenhuma alteração na taxa perante a situação pandémica, já que "a realização não presencial das provas não diminui os custos associados a todo o trabalho de preparação prévia necessária".
Pormenores
Teto máximo - O Bloco de Esquerda tem defendido na Assembleia da República a criação, pelo Governo, de um teto máximo para o valor das propinas aplicado nos vários ciclos de estudo no Ensino Superior público.
Valor "exorbitante" - O projeto de lei entregue pelo BE no Parlamento refere que "os estudantes pagam muitas vezes o dobro do que pagavam no sistema anterior ao Processo de Bolonha para obter uma formação de quatro ou cinco anos no Ensino Superior".
"Elite social" - O partido fala ainda em valores de propinas "para uma elite social e económica" e de um ensino "que a maioria dos estudantes não tem capacidade de frequentar".