<p>Um prédio de dois andares no centro histórico de Elvas caiu ontem como um castelo de cartas, quando duas famílias ainda dormiam. Milagrosamente, ninguém ficou ferido e apenas um automóvel de um vizinho acabou engolido por um monte de entulho e pedras.</p>
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"A sorte foi ser de noite. Se fosse durante o dia, tinha morrido ali, pois estou quase sempre na cozinha", desabafou Maria de Fátima, uma das moradoras desalojadas, no rescaldo da derrocada que a deixou sem tecto.
Já passava das seis horas quando duas famílias foram surpreendidas pelo desmoronar das paredes. Maria de Fátima, o marido e os dois filhos, um dos quais tetraplégico, chegaram à rua sãos e salvos, mas perderam uma vida de trabalho. Um casal que habitava ao lado teve também que ser evacuado, uma vez que as paredes não ofereciam segurança.
"Perdemos tudo, frigorífico, máquinas e a nossa alimentação. Estava tudo ali", lamentou Maria de Fátima, acrescentando que a zona mais afectada pela derrocada parcial do edifício foi a cozinha, onde o tecto caiu na totalidade.
A casa, propriedade do Exército, está localizada entre as ruas dos Cavaleiros e do Paço, no centro histórico de Elvas. O avançado estado de degradação era conhecido e a situação estava sinalizada pela Protecção Civil.
Preparavam a mudança
O casal, com dois filhos, já estava a planear mudar-se para uma outra casa do Exército, no bairro de Santa Luzia, mas a derrocada acabou por trocar-lhe as voltas. A família residia naquele prédio há mais de 40 décadas, de forma gratuita, uma vez que o pai é militar aposentado.
O presidente da Câmara Municipal de Elvas, Rondão de Almeida, que se deslocou ao local, já garantiu que a autarquia vai disponibilizar uma casa no bairro da Boa-Fé para a família de quatro pessoas. "Eram 9 horas quando dei instruções à assistente social da Câmara para que providenciasse a mudança das mobílias para a nova habitação", afirmou o autarca ao JN, acrescentando que o outro casal afectado pela derrocada foi realojado noutro imóvel do Ministério da Defesa.
Rondão de Almeida admite que há muitas casas degradadas no centro histórico (ler texto da caixa ao lado) e que o casal com dois filhos era um dos muitos em fila de espera para ser realojado. "Tiveram esta infelicidade. O prédio caiu. Por sorte, não aconteceu nada. Há males que vêm por bem", frisou o presidente, acrescentando que, ainda na semana passada, teve que realojar duas famílias.
Por precaução, a zona envolvente ao prédio foi isolada. Ontem, durante a manhã, os bombeiros da corporação de Elvas, a Protecção Civil e a PSP ajudaram as famílias a retirar os documentos e bens que restaram, de entre as paredes caídas. As autoridades admitem, nos próximos dias, demolir o que resta do imóvel, para evitar a ocorrência de novas derrocadas.
*com agência