A festa em honra de Nossa Senhora do Amparo, na cidade transmontana de Mirandela, está a chegar ao fim-de-semana final e esta noite esperam-se milhares de pessoas para assistir à marcha luminosa e pela madrugada à famosa noite dos bombos, com cerca de 2000 pessoas a tocar bombo pelas ruas da cidade, apinhadas de gente numa folia que contagia e que não deixa ninguém indiferente.
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Os mirandelenses chamam-lhe a noite mais longa do ano. "É certamente o dia do ano em que a gente de Mirandela vai para a cama mais tarde, porque é um dia de pura diversão e de convívio com os que moram cá e aqueles que estão fora", conta Manuel Silva, para quem a esta noite é "sagrada", há mais de 30 anos.
A tradição começou em 1963. "Na altura, eram meia dúzia", conta Rui Barreira, um dos mentores do evento. "Isto atingiu proporções impensáveis", confessa este empresário que recorda como tudo começou. "Um grupo de Mondim de Basto vinha de comboio, durante a madrugada, para fazer a arruada. Pedimos emprestados os bombos em troca de uma garrafa de whisky e começamos a tocar. Gostamos tanto que nos anos seguintes a moda pegou e tivemos que começar a alugar bombos para satisfazer centenas de mirandelenses", explica.
Atualmente, já não é possível alugar dado o aumento brutal de adesões que se alargou aos forasteiros. "Já há famílias inteiras a integrar o desfile e grupos de amigos que usam fardas personalizadas", diz Mário Esteves, outro fundador da tradição e o "maestro" da noite dos bombos.
Pouco depois da meia-noite, os "tocadores" concentram-se no recinto do santuário. Têm à sua espera, centenas de litros de sangria, vinho, cerveja, potes de rancho, sardinhas, alheiras e outros produtos.
Depois das duas da manhã, e já com milhares nas ruas, para assistir ao desfile, percorrem a cidade, durante horas. Aos primeiros raios de sol, os mais resistentes ainda fazem barulho.
Para o presidente da festa, esta tradição "é uma imagem de marca que seduz milhares de pessoas", conta Sílvio Santos.