Dúvidas sobre o futuro: “Remuneração conta, mas o bem-estar do trabalhador também”
Só o medo de arriscar separa Tomás do estrangeiro, pois não quer trabalhar “incansavelmente durante uma semana seguida”.
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O “medo de arriscar” é a única coisa que separa Tomás Giesteira do estrangeiro. Com 19 anos, o jovem de Vila Nova de Famalicão é caloiro de Medicina na Universidade do Minho, em Braga, e ainda tem cinco anos para decidir. Para já, confessa, está “num impasse”.
Tomás chegou a Medicina depois de um ano em Engenharia e Gestão Industrial e a mãe é a prova de que está agora no caminho certo: “A minha mãe diz-me sempre que vê quando é que eu estou a gostar porque eu chego a casa e começo-lhe a explicar a matéria”.
Sempre gostou de biologia, de “perceber porque é que o corpo faz isto ou faz aquilo” e quer tirar uma especialidade no fim da licenciatura. Ainda não sabe em quê, pois agradam-lhe várias, admite, entre risos: “Cada matéria nova é uma especialidade que quero”.
Erasmus contribui
Outra dúvida é se a especialidade se conclui em Portugal ou lá fora. E se depois o trabalho também será cá ou lá: “Emigrar é uma opção que eu ponho em cima da mesa, mas eu sempre fui uma pessoa com medo de arriscar por coisas novas e então há aqui um impasse entre o não querer arriscar e o ir para o desconhecido”.
Tomás não tem dúvidas que a opção de emigrar é cada vez mais equacionada pelos colegas. A vontade de sair cresce “com a globalização, com as redes sociais e com o fim da barreira da língua”, pois os jovens estão em contacto com a língua inglesa todos os dias. O programa Erasmus também impulsiona a vontade, pois “muitos colegas começam a pensar em emigrar depois de fazerem intercâmbios”.
Embora o salário inicial de um médico esteja acima da média dos trabalhadores, nem sempre isso é o mais importante: “A remuneração conta, mas o bem-estar do trabalhador também”. Por exemplo, refere, “uma coisa que conta muito em países como a Holanda [Países Baixos] é a preocupação com o bem-estar dos trabalhadores”. Essa preocupação concretiza-se “pela redução da carga horária” e pelo cuidado “com a saúde mental”. Não quer trabalhar “incansavelmente durante uma semana seguida, a fazer urgências, com uma carga horária excessiva”, revela.