Moradores e comerciantes relatam aparcamento abusivo na zona da Asprela e pedem mais lugares. Autarquia confirma queixas.
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Carros estacionados na linha amarela, parados em segunda fila ou a ocupar passeios. Junto ao Hospital de S. João, no Porto, o cenário repete-se dia após dia, levando moradores e comerciantes a pedir mais lugares de estacionamento na zona da Asprela. Quem por lá trabalha relata ainda dificuldades para efetuar cargas e descargas. Já os residentes queixam-se dos veículos a bloquear a entrada nas garagens.
"É muito difícil estacionar na zona do Hospital de S. João. É preferível deixar o carro longe e andar uns minutos a pé do que andar às voltas", disse Bernardino Sousa, que frequenta a zona quando tem de ir ao hospital e opta por deixar o carro numa artéria sem saída, transversal à Rua Mestre Guilherme Camarinha.
De acordo com a Câmara do Porto, a "fiscalização feita no local é a que é realizada por toda a cidade", tendo neste ano sido "bloqueados ou removidos 47 veículos por infrações diversas ao Código da Estrada, aos quais corresponde igual número de autuações".
No ano passado, foram registadas 13 "reclamações e pedidos de intervenção nos vários arruamentos da zona envolvente ao Hospital de São João", relacionados com "estacionamento indevido e ou abusivo", tendo sido "bloqueados ou removidos 237 veículos".
Ainda assim, a Autarquia disse ao JN que não está prevista a criação de mais parqueamento e que a "zona de estacionamento de duração limitada da Asprela reúne, na totalidade, 666 lugares". A par disto, adiantou ainda que "as taxas de ocupação financeira, reportadas pela empresa de concessão de estacionamento da cidade do Porto ao passado mês de junho, ficaram-se pelos 28%".
Perto da postura de táxis do S. João, não faltam carros no passeio. Taxista há 24 anos, António Silva já teve de chamar a polícia. "Não há parques de estacionamento suficientes para a carga de carros que esta zona tem. Se estivermos na fila da postura e se houver carros estacionados no passeio, não conseguimos sair", lamentou.
Flores entregues no carro
Fazer cargas e descargas também se torna uma tarefa difícil. Que o diga Carla Ferreira, que trabalha numa florista e recebe mercadoria todos os dias. "Temos de estacionar no meio da rua e pôr os quatro piscas. Torna-se incomodativo porque os carros querem passar e não têm espaço", contou.
À porta do estabelecimento, há uma fila de veículos estacionados na linha amarela. "Os clientes sentem alguma dificuldade em estacionar. Muitas vezes temos de ser nós a levar os ramos até ao carro", relatou Carla Ferreira.
Nas imediações do Hospital de S. João, os lugares que se encontram vazios são a pagar. Reconhecendo a dificuldade em encontrar um lugar para deixar o carro, Fernando Aguiar, dono do café Ábaco, conta com ajuda: "Deixo a chave a um arrumador que é conhecido e ele arruma-me o carro. Caso contrário, não tinha maneira de o arrumar. Também para estar a pagar todo o dia, é complicado", disse.
Ainda assim, os problemas, garantem comerciantes e moradores, abrandaram com a pandemia. "Agora, está muito mais calmo porque não há aulas e a movimentação está reduzida, mas numa altura normal, com o movimento das faculdades, é muito complicado estacionar", afirma Cátia Moreira, que reside naquela zona e já recorreu à polícia para desobstruir a entrada da sua garagem.
Ana Escaleira, também moradora, relata outras dificuldades: "Já tive problemas em passar com o carrinho do meu filho, porque há quem coloque o carro em cima do passeio ou em rampas que são exclusivamente para cargas e descargas", recordou a moradora.