Emigrante reza pelo fim dos incêndios: "A gente via fogo por todos os lados"
Ana Araújo, emigrante no Canadá e natural de Ponte da Barca, chega carregada com um balde de hortênsias brancas e garrafões de água, para enfeitar o santuário de Nossa Senhora de Fátima naquela freguesia, a metros do posto de comando improvisado para o grande incêndio que lavra desde sábado na sua terra-natal.
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Aquele é, segundo a União de Freguesias de Entre Ambos-os-Rios, Ermida e Germil, "o segundo maior monumento em Portugal dedicado a Nossa Senhora de Fátima". E Ana, sempre que vem à terra, coloca flores e reza todas as semanas. Desta vez, as suas preces são para que o fogo que dura há uma semana termine.
"Perguntei ali a um guarda se podia passar e ele deixou. Venho todas as semanas. Ponho flores e peço muitas coisas. Hoje pedi a Nossa Senhora para acabar com os incêndios", contou ao Jornal de Notícias, com o balde ao colo, comentando: "Isto para as pessoas e para os animais, para os animais selvagens, é um horror".
Nestes primeiros dias de agosto, mês de regresso dos emigrantes, vêm-se um pouco por todas as aldeias de Ponte da Barca carros de matrícula estrangeira. São filhos e netos da terra, de férias, que foram e estão a ser apanhados à chegada por um indesejável cenário negro e de labaredas nas serras do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG).
"Vim com o meu marido de férias e faz hoje oito dias que isto anda assim. Foi horrível, porque a gente via fogo por todos os lados", lamenta Ana Araújo, que tem casa na aldeia de Tamente, em Entre Ambos-os-Rios, onde nasceu e viveu até aos 13 anos, até emigrar para o Canadá. O fogo andou lá perto, mas este sábado, à semelhança do que acontece em boa parte da área ardida, já se respira melhor: E a emigrante suplica a Nossa Senhora que assim continue.
"Os emigrantes estão a vir agora. Os franceses vêm agora no princípio de agosto e é triste, porque a gente nunca viu assim uma coisa. É a primeira vez que passa por estas coisas. O ar grosso, nem podemos respirar", admite.