A cidade do Porto volta a acolher um dos eventos finais do 'BORA Mulheres, um programa intensivo de formação e de capacitação que visa fomentar o empreendedorismo no feminino. A sessão está agendada para este sábado e irá centrar-se na temática da estabilidade financeira.
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Com a presença de empreendedoras com créditos firmados e dirigida a uma plateia de 40 mulheres já familiarizadas com as formações do programa, a sessão deste sábado do 'BORA Mulheres é a primeira de três a realizar no país. Seguem-se as cidades de Coimbra, no dia 28, e de Lisboa, a 18 de novembro, estimando-se um total de 170 participantes.
Uma das oradoras convidadas da sessão deste sábado, que vai ter lugar no espaço Selina Navis, é Catarina Guedes, embaixadora da presente edição do 'BORA e uma das vencedoras do ano passado. É co-fundadora da Ínclita Seaweed Solutions, a primeira empresa a nascer no universo do CIIMAR-Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, da Universidade do Porto, organismo que tem sede no terminal de cruzeiros de Leixões, em Matosinhos.
A investigadora de 43 anos espera, como embaixadora, "inspirar outras mulheres a seguirem os seus sonhos e a não terem medo de arriscar". Sem, no entanto, deixar de sublinhar que o empreendedorismo "não é um percurso fácil", como referiu ao JN.
Sobre o tema em debate, considera que é, "sem dúvida, um dos assuntos que mais preocupam as mulheres na altura de dar o salto". Justifica dando o seu exemplo - é mãe de dois filhos pequenos e uma pessoa "pouco dada a grandes riscos" quando em causa estão questões que podem influenciar as pessoas que lhe são próximas. "Quando ponderamos seguir ou não o caminho do empreendedorismo, a questão da estabilidade financeira pessoal passa a ser um assunto que tem de ser discutido em família e a decisão tem de ser também de consenso", sublinha.
A Ínclita Seaweed Solutions foi fundada em 2018 e dedica-se à pesquisa, ao desenvolvimento e à produção de ingredientes bioativos à base de algas marinhas para cosméticos e suplementos alimentares (para pessoas e animais). Depois de criados os alicerces da empresa, Catarina Guedes inscreveu-se no programa 'BORA e está, desde este ano, a trabalhar a 100% no projeto que ajudou a construir.
As vantagens e dificuldades de se ser empreendedora na região do Grande Porto (a Ínclita tem sede em Matosinhos, no CIIMAR) serão outros temas a abordar pela investigadora. A propósito, lembra que "ainda está tudo muito centralizado" na capital, o que se faz sentir também a nível de financiamento. "Essa pressão dos investidores para deslocalizar para Lisboa existe, é real", refere. Ainda assim, encontra uma grande vantagem nessa cultura da centralização: "Também nos dá uma resiliência maior".
O 'BORA Mulheres vai na quinta edição e é uma iniciativa do Impact Hub Lisboa, o braço português de uma rede internacional que apoia a criação e o desenvolvimento de negócios geradores de impacto, funcionando como laboratório de inovação, incubadora e centro comunitário. A nível mundial, congrega mais de 25 mil empreendedores.
Formações online
Em 2019, as ações do 'BORA Mulheres foram presenciais e decorreram em Lisboa e no Porto, só que a pandemia obrigou a que se adotasse um modelo de trabalho remoto nos anos seguintes. Ainda prevalecem as ações de formação online, mas a organização sentiu necessidade de retomar as sessões presenciais. "Só a parte online não criava o mesmo espírito de comunidade entre as participantes", explica ao JN Francesco Rocca, diretor da Impact Hub Lisboa.
O programa começa no início do ano com um leque alargado de 400 mulheres, que partilham experiências e conhecimentos em palestras e workshops. A fase seguinte destina-se à formação e já só engloba 15 projetos. Destes, são selecionados três finalistas para uma mentoria especializada.
Na edição deste ano, saíram vencedores os projetos "We Cheffes" (Lisboa), de Mafalda Lodewyckx e Olivia Bourkel, na área do catering; "Play Slow" (Lisboa), de Carina Vieira, que criou uns guias turísticos, desenhados à mão, para se visitar zonas da capital portuguesa em família; e "Puffs and Babs" (Cascais), de Joana Pereira da Silva, que faz pantufas a partir de tecidos reciclados.
"Perguntamos sempre quais são os maiores desafios que as empreendedoras enfrentam. Este ano, o foco principal foi a vida pessoal e a vida no trabalho e as questões financeiras", disse-nos ainda Francesco Rocca, a propósito da temática a debater neste sábado.