Administrador da Auto Aviação Aveirense diz ainda que não se deve a falha mecânica o despiste do autocarro que, sábado à noite, causou a morte a um dos 36 elementos do Orfeão de Águeda que transportava.
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"Fizemos uma peritagem no local aos principais órgãos mecânicos do autocarro e não detectámos nada", revelou o administrador da Auto Aviação Aveirense (AVA), Ricardo Afonso, à Agência Lusa.
"Hoje, nas nossas oficinas, estamos a ver tudo outra vez, de forma mais aprofundada, e continua a não haver nenhum órgão que tenha entrado em falência ou contribuído para o acidente", acrescentou.
O administrador da AVA realça, contudo, que "são claramente mentira" as declarações em que familiares de alguns dos 27 feridos do acidente alegam que o motorista em questão só pontualmente era contratado pela AVA.
"Ele está há quase oito anos na empresa", corrige Ricardo Afonso. "É um motorista experiente e nunca motivou nenhum facto negativo digno de registo, nem a nível de acidentes, nem no que se refere a multas".
"Está capacitado para todo o serviço, comercial e de carreira", continua, "e até hoje não temos nada a apontar-lhe".
"Não conhecia a zona"
Ricardo Afonso reconhece que o condutor do autocarro que transportava o Orfeão de Águeda "não conhecia efectivamente a zona" onde se deu o acidente, mas defende que, "mesmo para os motoristas mais experientes, é impossível conhecer as estradas todas".
O procedimento normal do funcionário que sábado foi destacado para a viagem até S. Paio de Oleiros, no concelho da Feira, terá sido, por isso, "o normal: fez o trabalho de casa, que é ver os mapas, consultar a internet e socorrer-se dos colegas que conhecem a zona, para ter mais indicações".
Ricardo Afonso considera que restam duas hipóteses: "Ou houve uma distracção qualquer por parte do condutor, o que ainda não conseguimos saber porque ele está em coma induzido no hospital; ou a causa do acidente está relacionada com as informações do disco do tacógrafo, (...) que regista a velocidade, os quilómetros percorridos e os tempos de condução".
"Mas como o aparelho está na posse da GNR", observa o empresário, "não temos acesso a esses dados".
"Iluminação é inexistente"
Para o administrador da AVA, "as condições da própria estrada também não ajudaram nada", porque o nó do IC2 de Arrifana em direcção ao Porto é "uma área complicada, em que uma estrada nacional termina abruptamente numa curva muito fechada".
Ricardo Afonso acrescenta: "A iluminação, naquele local, é inexistente. Só os focos dos bombeiros é que permitiram ver alguma coisa no próprio dia, ou nem para as operações [de resgate] haveria luz".
A Auto Viação Aveirense integra o grupo Joalto e está em actividade há 80 anos. Na sede da empresa, o ambiente é agora "de consternação", porque, segundo o seu administrador, "os funcionários são todos colegas e este é o primeiro acidente com esta gravidade na história da empresa".