<p>O Biocant, o único parque de biotecnologia português, situado em Cantanhede, inaugurou, ontem, um novo edifício. A palavra de ordem foi mesmo "expansão". Até porque os espaços existentes não chegam para responder à procura por parte das empresas. </p>
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"Se hoje [ontem] tivéssemos outro edifício, ele estaria já ocupado em mais de 50% por empresas de jovens bioempreendedores", frisou o presidente da Câmara de Cantanhede, João Moura. Os planos de expansão do Biocant incluem a construção de três novas unidades, a curto prazo: o Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC/UC); uma unidade piloto de biotecnologia industrial (BioPilot); e um Centro de Realidade Virtual (BioCentro).
O autarca social-democrata - que discursou, também, na qualidade de presidente do Conselho de Administração do Biocant - aproveitou a presença do primeiro-ministro para pedir apoios com vista à ampliação do parque, que, em menos de cinco anos de existência, já viu sair dos seus laboratórios duas "spin offs" (empresas).
"Depois do grande esforço financeiro que a Câmara Municipal já realizou neste projecto, estamos a aguardar ansiosamente os financiamentos provenientes do Quadro de Referência Estartégico Nacional [QREN] para avançarmos com a expansão", referiu João Moura.
O director científico do Biocant, Carlos Faro, fez um apelo semelhante. Apresentou o parque como exemplo de como o "investimento público pode ser rentabilizado de forma inteligente" (a partir dos dois milhões de euros iniciais, gerou-se uma riqueza equivalente a 50 milhões). Depois, concluiu: "Temos toda a legitimidade para dizer 'invistam em nós', porque sabemos rentabilizar esse investimento". Mas de euros José Sócrates não falou.
O director científico do único parque português dedicado à biotecnologia explicou que o objectivo do plano de expansão é conseguir "a massa crítica que nos permite ser competitivos a nível internacional".
No dia em que se deu a inauguração do edifício Biocant PME, a par com a assinatura dos contratos de instalação de mais empresas de base tecnológica e científica, Carlos Faro lembrou que "a biotecnologia dificilmente será um sector estratégico para Portugal, mas é fulcral para trazer valor aos sectores tradicionais [como a saúde, a energia ou o têxtil]".
O Biocant PME, a terceira e mais recente infra-estrutura, acolhe dez empresas ligadas à investigação científica. Custou 3,8 milhões de euros.
Em Cantanhede é "mais difícil"
O Biocant nasceu, em finais de 2005, por iniciativa da Autarquia, à data liderada por Jorge Catarino, a que se aliaram as universidades de Coimbra e de Aveiro. Para João Moura, constitui um "investimento estruturante e de indiscutível valor estratégico para Portugal" que, em 2011, deverá envolver mais de 300 investigadores.
O primeiro-ministro não poupou elogios a um "projecto que merece ser enaltecido e valorizado", em parte, por ter conseguido aproximar as universidades das empresas. E frisou o facto de o parque de biotecnologia português ter sido criado em Cantanhede, e não em Coimbra, Aveiro, Lisboa ou Porto. "Este é um 'cluster que serve o país e tem ambição de se colocar na rede internacional. Pretende-se fazer algo que compita no mercado global. E é mais difícil fazê-lo em Cantanhede", sustentou.