A escola do primeiro ciclo de Várzea de Abrunhais, tantas vezes apresentada como modelo nacional, vai fechar. No próximo ano lectivo, ficam às moscas as duas salas. Alunos e docentes mudam-se para o novo Centro Escolar de Lamego Sudeste.
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Esta é apenas uma das 30 escolas do primeiro ciclo que vão fechar no concelho lamecense e uma das muitas dezenas em todo o distrito de Viseu. O Sindicato do Professores da Região Centro anda a fazer as contas e, escrutinados 12 dos 24 concelhos, já contabilizou 84, onde a algazarra da miudagem deixará de se ouvir.
Vencedora do Concurso Mundial de Escolas Inovadoras 2009, pelo trabalho de inovação pedagógica a partir das Tecnologias da Informação e Comunicação, a EB1 de Várzea deve ser uma das que mais meios informáticos possuem actualmente. Para além dos "Magalhães" de cada um dos 23 alunos, a escola possui mais nove de reserva, oito computadores de secretária e dois portáteis, para além de dois quadros interactivos com a Plataforma Camões que sincronizam com os computadores individuais dos alunos e rede de Internet sem fios. Ou seja, tudo muito à frente, numa aldeia do interior do país.
Centros escolares
Quis a política de Educação do actual Governo que o primeiro ciclo fosse concentrado em centros escolares, pelo que Lamego vai ter três, já a partir do próximo ano. Lamego (cidade), para 600 alunos e com abertura prevista para o segundo período do próximo ano lectivo; o de Penude, para 225 crianças; e o de Lamego Sudeste (em Ferreirim), para 275. Abrem ambos em Setembro.
É para este último que irá Margarida Monteiro, oito anos. Lá fará o 4.º ano, pois a escola de Várzea vai encerrar. "É capaz de até ser bom, mas eu preferia ficar nesta escola mais um tempo", lamenta, explicando que "por ser inovadora não devia fechar assim, de repente". Mas a professora responsável, Maria do Carmo Leitão, rejeita o termo "encerrar". Prefere dizer que a escola "vai ser transferida". "Já sabíamos desde o início do ano que assim iria acontecer". Está segura de que os meios disponíveis em Várzea vão acompanhá-los para Ferreirim, e que os seus alunos acabarão por "incentivar e ensinar" outros que não tenham tido acesso a tantos meios, em qualidade e quantidade.
Esse é o desejo do presidente da Câmara de Lamego, Francisco Lopes. "Que o sucesso conseguido por Várzea possa multiplicar-se pelos alunos em Ferreirim". É que, tal como Margarida, também ele tem "pena" de ver encerrar uma escola inovadora, com cujo sucesso o próprio Governo exultou. Só espera que o modelo de concentração seja bem sucedido. "Caso contrário será um passo para o abismo".