As escolas do Porto tentaram manter a normalidade e mantiveram-se abertas após o apagão desta segunda-feira, com aulas até ao final da manhã e almoços servidos. Só começaram a fechar a meio da tarde, quandos os pais dos alunos conseguiram ir buscá-los.
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Com recurso a um gerador, a Escola Artística Soares dos Reis, no centro da cidade, manteve-se a funcionar apesar dos constrangimentos provocados pelo apagão que pôs todo o país sem luz e condicionou fortemente as telecomunicações. Também na Secundária Alexandre Herculano, na zona da Baixa, foi possível lecionar até "ao fim do segundo tempo da tarde", diz, ao JN, o diretor do agrupamento de escolas, Manuel Lima, indicando ainda que "nenhuma das primárias fechou, funcionando normalmente" e tendo sido garantidos os almoços.
Pelas 16.30 horas, ainda não havia, no "Alexandre", qualquer indicação do Ministério da Educação para o dia de terça-feira. "Amanhã é outro dia", encolhia-se um funcionário da Secundária Carolina Michaëlis, já na zona da Boavista, sem saber como esclarecer os pais que, por volta das 17.30 horas, ainda se dirigem à escola para ir buscar os filhos ou, até, para comparecer a uma reunião de encarregados de educação que estava marcada para o final da tarde e que teve de ser adiada. "Depois serão informados de outra data. Tem de ser dia a dia", desculpa-se o homem, perante os pais, informando que "a partir das 13 horas não houve aulas". Até aí, as aulas decorreram "como antigamente, através dos livros", explica, depois, ao JN.
"Temos gerador e conseguimos gerir bem a situação"
Na Soares dos Reis, fecharam-se os portões pouco depois das 16 horas, antes que se esgotasse a energia de reserva. "Temos gerador, e conseguimos gerir bem a situação e manter as coisas a funcionar. Depois, mandou-se um email aos pais a informá-los sobre a situação", relata uma empregada da escola artística, optando por não se identificar.
"Tivemos de gerir, e desligamos certas luzes que vimos que não faziam falta. E ainda ficamos com um resto de energia no gerador, para alguma eventualidade", explica a funcionária, adiantando que "ainda se conseguiu dar refeições aos alunos, porque começam a ser servidas ao meio-dia e já estavam confecionadas". "Ó stôra, se não há eletricidade em casa, como é que vai trabalhar?", pergunta uma aluna mais afoita a uma docente que, ao sair da escola, volta atrás porque se esquecera do computador portátil.
Refeições já estavam prontas
"No meio disto tudo, até correu bem", conclui Manuel Lima, constatando que, durante a manhã, "deu para gerir e funcionar", até porque, "de dia, a escola tem luz". No entanto, o "ruído do alarme que disparou quando a luz foi abaixo", aliado ao facto de "os sensores das casas de banho, que são elétricos, terem deixado de funcionar", acabou por pesar na decisão de suspender, durante a tarde, as atividades letivas na Secundária Alexandre Herculano, onde estudam cerca de 850 alunos, do 5.º ao 12.º ano.
"Tentamos passar a ideia de tranquilidade, até porque não tínhamos informação que motivasse preocupação, e quer aqui, quer no 1.º ciclo, foi tudo tranquilo. O problema maior foi quando começou a faltar rede de comunicações móveis, para falar com alguns pais", conta o diretor do agrupamento de escolas Alexandre Herculano. "As pessoas estão inquietas, porque percebem que há qualquer coisa de anormal, mas tem havido tranquilidade", assegura o professor.
Pelas 17.30 horas, e já sem alunos nas instalações, a Secundária Aurélia de Sousa prepara-se para fechar os portões. Tal como aconteceu noutras escolas, os almoços foram servidos, uma vez que, à hora a que se deu o apagão, as refeições já estavam confecionadas. Junto ao Jardim Paulo Vallada, a Escola Básica Fernão de Magalhães, que pertence ao agrupamento Aurélia de Sousa, conseguiu manter as atividades das crianças, que também almoçaram, garante, ao JN, uma funcionária. "Amanhã? É uma incógnita também para nós".