<p>O processo de insolvência da empresa de componentes automóveis David Valente de Almeida, de Águeda (DVA), deu ontem uma reviravolta que pode terminar com a compra pelos espanhóis da Troymec, uma empresa do mesmo ramo, credora da DVA. </p>
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Se a proposta da Troymec para a DVA (empresa que está a laborar com 90 trabalhadores) for aceite pelos credores, os espanhóis reduzem de 90 para 24 o número inicial de trabalhadores. "A actual facturação da empresa, que caiu de 8,7 milhões em 2007 para 2,8 em 2009 não suporta mais", diz o representante dos espanhóis, Manuel Meira, "mas compromete-se a num prazo de três a quatro anos readmitir os funcionários dispensados, ficando estes durante este período a receber a totalidade do vencimento, 60% da Segurança Social e 40% da empresa através de um fundo criado pela Troymec", explicou o advogado da Troymec, Fernando Dias.
A assembleia de ontem, que decorreu no Tribunal do Comércio de Aveiro, deveria ter ficado marcado pela votação dos credores relativamente a uma proposta da actual administração da empresa insolvente, liderada por David Almeida, que passaria pela continuidade do negócio na família (através da venda total ou parcelar da fábrica a uma empresa de familiares denominada Stampconnection) e a garantia de pagar 500 mil euros (e neste caso ficariam com todos os trabalhadores) ou 615 mil e ficavam com os que quisessem). Em qualquer dos casos não assumiriam as dívidas de 5,5 milhões de euros a credores, o principal dos quais é a Segurança Social, que deixaria de receber cerca de 2,5 milhões de euros.
Só que ontem, e ao contrário do que sucedeu nas últimas assembleias, por questões processuais, a juíza aceitou levar a votação a admissão da proposta da Troymec, após um pedido da administradora de insolvência, Maria Carrinho. A maioria dos credores (69%), com destaque para a Segurança Social, aceitou a admissão da proposta que, juntamente com a da insolvente, começou ontem a ser votada, mas cujo resultado depende dos votos por escrito solicitados pelos principais credores, como a Segurança Social e o BPI, que têm agora 10 dias para votarem.
Administração afastada
Por ter a maioria dos votos, a decisão está nas mãos da Segurança Social, que, pelo que se viu ontem, deverá optar pela solução Troymec, de forma a receber uma parte dos créditos. A Troymec irá assumir, segundo Fernando Dias, no máximo quatro milhões de euros das dívidas da empresa, que totalizam 5,5 milhões, pagando à cabeça os 615 mil euros propostos para a liquidação da empresa, que será sempre alvo da venda em hasta pública.
Ontem, os credores aprovaram a substituição imediata da actual administração por Joaquim Magalhães, nome proposto pela Segurança Social, um economista que já trabalhou com mais de mil empresas em situação de insolvência, entre as quais a Califa e a Oliva.