<p>Há cada vez mais galegos a atravessarem a fronteira e a frequentar as piscinas dos municípios de fronteira no Alto Minho. Em Vila Nova de Cerveira e Valença, por exemplo, a afluência galega ronda os 30%. </p>
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A ausência de piscinas públicas ou a sua fraca qualidade do lado de lá, é a justificação dada pelas gentes da Galiza para rumar a Portugal. Além da gastronomia, das compras e do lazer que, quase por tradição, os galegos sempre procuraram no Norte de Portugal, há alguns anos começou também a haver um grande "apetite" por equipamento públicos, como bibliotecas e piscinas municipais. No caso destas últimas, a frequência é tão intensa que basta entrar em qualquer uma delas, desde Melgaço a Ponte da Barca, para ouvir falar galego. "Não há como aqui. É muito melhor que lá. Na Galiza, não temos nada… E ainda dizem que em Portugal há crise", comenta Purita Alvarez, de 47 anos, habitante de Tomiño, localidade do outro lado do rio Minho, frente a Cerveira. Purita há dois anos que atravessa a fronteira duas vezes por semana para mergulhar em águas portuguesas. Normalmente vem acompanhada pelas amigas Rosita e Cármen.
"Esta piscina é fantástica. Não sabíamos nadar, ensinaram-nos perfeitamente e já somos uma nadadoras profissionais", brinca Cármen Alfonso, 65 anos, frequentadora da piscina de Cerveira há quatro anos. "Não nos conheciamos, fizemo-nos amigas e agora este é o nosso momento de convívio, além do relaxamento", comenta Rosita Iglésias, 56 anos, também de Tomiño. E a verdade é que se dúvidas houvesse quanto aos efeitos de umas boas braçadas na piscina, a boa disposição que as três amigas manifestam à saída, não as deixa mentir.
"Noto uma diferença muito grande entre as pessoas com mais de 50 anos portuguesas e galegas. Os portugueses com essa idade já se acomodaram, mas os galegos têm muita vontade de aprender a nadar", comenta André Silva, director da piscina de Cerveira. Segundo aquele responsável, a frequência de gente da Galiza situa-se actualmente "entre 25% e 30%".
"Sempre tivemos alguns utentes na altura do ferry-boat, mas com a abertura da ponte (internacional Cerveira-Goian) aumentou", refere. Segundo a Câmara de Valença, o cenário na piscina local é idêntico: Num universo de cerca de meio milhar de utentes, "33%" são oriundos de localidades galegas como Tui, Salceda de Caselas, Porrinho, Salvaterra do Minho, Tomiño e A Guarda.
Angel Parada, 34 anos, residente em O Rosal, há dois meses que se desloca 12 quilómetros, duas vezes por semana, para, juntamente com a mulher, Sílvia Diego, 34 anos, e a filha Daniela Parada, 5 anos, nadar em Portugal. "Costumávamos levar a nossa filha a uma piscina em A Guarda (Galiza), mas as instalações eram más e o professorado uma lástima. Então falaram-nos na piscina de Cerveira. Decidimos experimentar e ficamos, porque a pequena aprende mais e está muito contente", conta.