<p>O Porto não tem rival na Área Metropolitana no que toca ao custo de estacionamento nas ruas mais centrais da cidade. E no país, nem Lisboa é tão cara. A subida de 40 cêntimos no preço dos parcómetros é contestada pelos lojistas.</p>
Corpo do artigo
A nova tarifa foi implementada há dias. A Invicta está dividida em duas áreas com custos distintos. Aparcar nas ruas mais centrais da Baixa (zona B) ficava, no passado, por 60 cêntimos por hora, enquanto na zona A pagava-se metade do preço. Agora, os condutores têm de desembolsar 50 cêntimos na zona A e um euro na B por uma hora de estacionamento.
"Considero que este aumento é um roubo. Não posso dizer outra coisa. Torna-se muito caro para as pessoas que precisam mesmo de estacionar no centro do Porto", critica António Magalhães, embora compreenda que seja necessário diminuir a afluência de carros à cidade. Ontem, ao retirar o título do parcómetro no Bonjardim, teve uma amarga surpresa: as três moedas de 20 cêntimos já não chegavam.
O orçamento diário de Alexandra Monteiro também terá de esticar, pois não pode dispensar o automóvel no cumprimento das exigências do emprego. "Preciso do carro para trabalhar, pois tenho de ir a vários locais. O aparcamento na Baixa é muito caro", atenta ao volante da viatura, pronta para rumar ao próximo destino.
Os lojistas acompanham os condutores na contestação aos preços. A tarifa mais alta dos parcómetros não tem paralelo na Área Metropolitana nem noutras cidades de dimensão significativa no país. Em Braga, uma hora de estacionamento nas ruas custa 80 cêntimos. Coimbra cobra 50 cêntimos e Lisboa, 75 cêntimos.
A presidente da Associação de Comerciantes do Porto, Laura Rodrigues, lamenta o aumento em tempo de crise e solicita à Autarquia que não só deixe de aplicá-lo como reduza ao preço anterior dos parcómetros. "Já temos uma enorme desvantagem face aos centros comerciais. Vamos pedir uma reunião à Câmara, para que recue nesta medida e pondere diminuir os preços. Os clientes são poucos. Estamos a passar por muitas dificuldades. As taxas têm de ser ponderadas, porque as pessoas fazem contas ao cêntimo", sublinha Laura Rodrigues.
Como noticiou o JN, o Município justifica a subida de 20 e de 40 cêntimos para desincentivar o transporte privado e pelo facto de não mexer nos preços há mais de seis anos. Argumentos rejeitados pela Oposição. O vereador da CDU, Rui Sá, considera que não há uma lógica de mobilidade, mas uma "política de caça ao níquel" para fazer crescer a receita.
"É inadmissível que, ao mesmo tempo que se aumenta o preço dos parcómetros, se diminua os quilómetros de corredores bus na cidade. Para reduzir a afluência de carros ao Porto, deve investir-se na construção de estacionamento na periferia e na melhoria dos transportes públicos", entende o comunista, admitindo que seja uma estratégia para facilitar um processo de privatização da gestão dos parcómetros. Em Fevereiro do ano passado, o PSD/PP reconheceu que estava a estudar a concessão do serviço.
A socialista Palmira Macedo condena medidas avulsas: "Não há uma política articulada. É preciso criar condições para que as pessoas usem mais os transportes públicos, mas não pode ser só com o aumento dos preços dos parcómetros. E não faz sentido que haja aumentos desta grandeza numa situação de crise, quando outras câmaras estão a reduzir as taxas municipais".